Perdas constatadas

Emater inicia levantamento dos estragos da chuva de granizo na lavoura mineira

Janaína Fonseca
jmaria@hojeemdia.com.br
Publicado em 09/11/2022 às 16:05.
As lavouras do café estão entre as mais prejudicadas pelos temporais de granizo, principalmente no Sul de Minas e Zona da Mata mineira (Emater-MG/Divulgação)

As lavouras do café estão entre as mais prejudicadas pelos temporais de granizo, principalmente no Sul de Minas e Zona da Mata mineira (Emater-MG/Divulgação)

Foram apenas dois dias de chuva forte, mas o suficiente para causar estragos nas lavouras mineiras, principalmente nos locais onde foram registradas tempestades de granizo. As regiões mais prejudicadas, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), são a Zona da Mata, Alto Paranaíba e Sul de Minas. Equipes da estatal já estão em campo para fazer o levantamento das áreas atingidas e dos prejuízos gerados.

O levantamento começou nesta quarta-feira (9) e será finalizado na sexta-feira (11). As tempestades ocorreram principalmente nos dias 7 e 8 de novembro. “Neste momento, os técnicos de campo estão fazendo os levantamentos e relatórios das áreas atingidas. Tudo indica que as lavouras de café foram as mais prejudicadas. Municípios como Cabo Verde e Campos Gerais, no Sul de Minas, registraram grande volume de chuva, com granizo”, afirma o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Willem de Araújo.

Perdas provocadas pelas intempéries - seja chuva forte ou seca intensa - impactam diretamente na mesa do consumidor, que já tem convivido com preços salgados dos alimentos neste ano. Quem vai ao sacolão e supermercado semanalmente percebe claramente a variação nos valores de frutas, verduras e legumes.

Pesquisa do Ipead/UFMG mostrou que, em outubro, a cesta básica ficou 2,09% mais cara em Belo Horizonte em relação a setembro, chegando a R$ 692,27, o equivalente a 57,12% do salário mínimo. Os principais vilões dessa alta foram a batata inglesa, que ficou 25,39% mais cara; o tomate, com alta de 14,64% e a banana caturra, que teve variação de 10,49%.

Impacto anterior
As chuvas de granizo já haviam feito estragos na lavoura mineira em outubro. Segundo a Emater-MG, 16,8 mil hectares foram atingidos e 2.039 produtores rurais tiveram algum tipo de perda, em 63 municípios. 

Os maiores prejuízos foram nas regiões Sul, Campo das Vertentes, Central e Zona da Mata. Os plantios de café arábica foram os mais impactados, com 13 mil hectares. O número representa 77% do total atingido pelas chuvas em Minas Gerais. O levantamento da Emater-MG mostra ainda que 1.090 cafeicultores sofreram algum tipo de perda. Os municípios de Andradas, Coqueiral,
Campanha e Paraguaçu, no Sul do Estado, foram os que tiveram as maiores áreas de café prejudicadas pelo fenômeno.

A segunda cultura com maior área atingida pelas chuvas de granizo foi a citricultura, com 2,4 mil hectares. Pelos menos 135 citricultores mineiros relataram perdas. Os pomares mais afetados estão em Campanha, Paraguaçu e Três Corações, no Sul de Minas, além de Tocantins, na Zona da Mata.

Ainda na fruticultura, foram registrados prejuízos em lavouras de abacate. Foram 190 hectares atingidos no Sul de Minas, nos municípios de Três Corações, Campanha e Bom Jesus da Penha. Além disso, 36 hectares com plantios de uva na região foram atingidos.

Hortaliças
Os produtores de hortaliças também amargaram perdas com os temporais do início de outubro. No levantamento feito pela Emater-MG, 302 agricultores relataram algum tipo de prejuízo, em 503 hectares. Os maiores danos foram em plantios de folhosas, com 212 hectares. 

Mas também houve perdas em outras culturas como tomate, abobrinha e couve-flor. Os municípios de Andradas, Três Corações, Pouso Alto (Sul), Paula Cândido (Zona da Mata) e Carmópolis de Minas (Central) foram os mais prejudicados.

A avaliação da empresa mineira é a de que esse tipo de estrago gere problemas no abastecimento de forma mais localizada, nos mercados municipais, sem grandes impactos para o Estado, de forma geral. No entanto, o reflexo no preço final ao consumidor é inevitável.

A orientação aos produtores é que busquem a assistência técnica da Emater-MG para minimizarem as perdas. “As plantas deverão apresentar lesões causadas pelas pedras e que são porta de entrada para doenças fúngicas e bacterianas. Recomendamos que procurem a assistência técnica da Emater para orientação da melhor forma de minimizar o problema. Não se precipitem em fazer podas, às
vezes desnecessárias, ou usar produtos 'milagrosos'. Não façam nada sem um acompanhamento técnico”, alerta o coordenador técnico de Culturas da Emater-MG, Sérgio Brás Regina.

Crédito
A empresa também lembra que os produtores atingidos e que obtiveram crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) devem procurar as instituições financeiras. “Essas operações são cobertas pelo seguro do Proagro e Proagro Mais. O produtor deve comunicar as perdas ao agente financeiro, o mais rápido possível, para a indicação de um profissional para a vistoria da área afetada”, explica o coordenador Willem de Araújo. Esta cobertura do seguro do Pronaf é para contratos de crédito rural renovados a partir de 1º de julho deste ano (safra 2022/2023).

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