Empresas brasileiras buscam medir resultados de ações sociais

Iêva Tatiana* - Hoje em Dia
Publicado em 04/11/2013 às 07:13.Atualizado em 20/11/2021 às 13:53.

SÃO PAULO – Depois da estruturação de programas de responsabilidade social por praticamente todas as grandes empresas do país, agora elas estão em busca de ferramentas capazes de medir cientificamente o efeito de suas iniciativas.

Experiências nessa área ainda são novas e poucas, mas alguns resultados são animadores. Duas delas, realizadas na Colômbia e na República Dominicana, foram apresentadas durante o 10° Seminário Itaú Internacional de Avaliação Econômica de Projetos Sociais, realizado em São Paulo, na última semana.

Emprego e renda

A primeira foi a do programa colombiano Jovens em Ação, lançado em 1999, auge da crise econômica que afetou o país sul-americano. Cerca de 80 mil jovens de baixa renda, com idades entre 18 e 25 anos, participaram da iniciativa, que oferecia capacitação profissional em diversas áreas, em parceria com a iniciativa privada.

“As empresas abriam vagas de estágio para os participantes do programa e o governo arcava com os custos”, afirma o diretor do Centro de Avaliação de Políticas de Desenvolvimento da Universidade de Londres, Orazio Attanasio, que apresentou a experiência.

Embora o levantamento do impacto da ação tenha sido um projeto experimental, foi possível chegar a um resultado considerado positivo, principalmente entre as mulheres. O índice de empregabilidade das que participaram dos cursos profissionalizantes foi de 70%, enquanto o das que não participaram foi de 64%.

“Para cada 30 jovens no programa, deixávamos cinco de fora para amostra de controle. Assim, poderíamos comparar os dados de antes com os de depois”, diz Attanasio.

Outra diferença apontada pela metodologia foi observada na média salarial dos dois grupos. As pessoas assistidas pelo programa recebiam uma média de 217 mil pesos por mês, e as não assistidas, 177 mil pesos, 22,5% a menos.

“Ficamos satisfeitos com os resultados. É bom ressaltar a importância da participação das empresas na qualificação da mão de obra de que elas mesmas precisam”, afirma.

Benefícios indiretos são levantados

Na República Dominicana, uma iniciativa semelhante à da Colômbia foi criada, em meados da década de 90, para capacitar alunos de 16 a 19 anos. A partir da demanda das empresas, os cursos iam sendo criados para ofertar profissionais qualificados e movimentar o mercado.

“Trabalhar com jovens era o desafio que nos motivava e ele está presente em todos os lugares. Só que, na República Dominicana, a iniciativa foi custeada com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)”, afirma o especialista em proteção social e saúde do BID, Pablo Ibarrarán.

Dentre os efeitos observados sobre os participantes, o especialista elenca aumento na procura por empregos melhores e até redução nos índices de gravidez entre as adolescentes. “O governo não queria essa avaliação, porque achava que fugia do propósito, mas foram efeitos colaterais positivos. Pelo menos, nós achamos, só que não conseguimos corroborar nossa opinião”, diz Ibarrarán.

*A repórter viajou a convite da Fundação Itaú Cultural

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