Empresas mineiras dominam o ‘Minha Casa, Minha Vida’

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
Publicado em 09/03/2014 às 07:32.Atualizado em 20/11/2021 às 16:30.
Empresas mineiras dominam com folga a contratação de construções do programa "Minha Casa, Minha Vida", que financia a casa própria para famílias de baixa renda. Ranking do Ministério das Cidades, feito a pedido do Hoje em Dia, mostra que, das 10 construtoras com a maior quantidade de unidades contratadas no país, cinco têm sede em Minas. 
 
Juntas, as incorporadoras mineiras respondem por 55,5% dos imóveis contratados. Do total de 235,2 mil casas e apartamentos voltados para a faixa 1, das famílias com renda bruta mensal de até R$ 1.600, foco principal do programa, 132 mil são de responsabilidade de incorporadoras das Gerais. 
 
O balanço que detalha as “top 10” do Minha Casa, Minha Vida, referente a março de 2009 até 31 de janeiro de 2014, aponta ainda que as construtoras mineiras abocanharam a maior parcela do valor contratado – R$ 7,67 bilhões em um universo de R$ 13,88 bilhões, o que corresponde a 54,25%. 
 
Campeã de vendas
 
No topo do pódio, com 61.989 unidades e R$ 3,6 bilhões contratados, está a Direcional Engenharia. Criada há 33 anos pelo empresário Ricardo Valadares Gontijo, mineiro de Bom Despacho que estudou e desenvolveu sua vida profissional na capital, a empresa fechou 2013 com R$ 2,7 bilhões em vendas. Desse montante, o Minha Casa, Minha Vida, na faixa 1, respondeu por 80%, ante 70% em 2012, quando faturou R$ 2 bilhões. 
 
Foi a Direcional a responsável pela construção do empreendimento Residencial Jardim Alterosa, em Ribeirão das Neves, entregue em meados de 2013. Composto por 1.640 unidades habitacionais, divididas em 82 blocos de 20 apartamentos, o conjunto contemplou cerca de 6.500 pessoas de baixa renda, que receberam as chaves das mãos da presidente Dilma Rousseff, em grande evento de inauguração. 
 
Os apartamentos têm área de 41 metros quadrados, dividida em 2 quartos, sala, banheiro, cozinha e área de serviço. O condomínio dispõe de estacionamento, centro comunitário, quadra de esporte e campo de futebol.
“Temos em construção neste momento mais de 50 mil unidades, sendo 40 mil relacionadas ao Minha Casa, Minha Vida. Dentro do programa, entregamos na semana passada 9 mil unidades em uma única obra em Manaus. E até meados de março entregaremos quase 10 mil (unidades) em Macapá, Brasília e Rio de Janeiro”, afirma Valadares Gontijo. Hoje, a Direcional emprega mais de 14 mil pessoas e atua em 11 estados brasileiros. 
 
Condomínios têm área para churrasco e futebol 
 
Com a medalha de prata, a mineira Emccamp Residencial somou quase 30 mil unidades contratadas somente na faixa 1 do programa. “Somos 100% Minha Casa, Minha Vida. Queremos chegar a 25 mil unidades em 2014, em todas as faixas, e planejamos crescer mais em 2015”, revela o vice-presidente comercial da empresa, André de Souza Lima Campos. 
 
Só em Minas, são 7 mil apartamentos populares. O endereço de um dos empreendimentos, o Parque Real, é a BR-381, altura do Km 456, no bairro Jardim Vitória, Região Nordeste da capital. São 2.450 unidades habitacionais com previsão de entrega até início de 2016. O complexo conta com salão de festa, churrasqueira e quadra esportiva. E cada apartamento tem direito a uma vaga de garagem. 
 
Sucesso
 
Com cinco mil empregos diretos, o executivo da Emccamp espera fechar o ano com R$ 1 bilhão em faturamento. “Não há dúvidas de que é um programa de sucesso. Ao longo dos anos, tem sido fundamental para o país, tanto pelo abatimento do déficit habitacional quanto pela geração de emprego e renda. Para o setor da construção é excelente, pois há oportunidade de atuação para pequenas, médias e grandes empresas”, diz André Campos, que também é o primeiro vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
 
A conterrânea Novolar, empresa do grupo Patrimar criada para atuar no mercado de baixa renda, também é estrela na lista das 10 construtoras com mais unidades contratadas. “Minas sempre foi um Estado que originou grandes empreiteiras. Está no DNA do mineiro”, elogia o presidente da companhia, Alex Veiga. 
 
Para 2014, ele espera que 60% do faturamento da Novolar venha do Minha Casa, Minha Vida. No ano passado, esse percentual foi de 40%. “É o melhor programa habitacional que o país já teve. Só esperamos que ele seja mantido mesmo que haja substituição partidária na Presidência da República”, diz. 
 
As construtoras Emcasa e Canopus, de um mesmo grupo, completam o ranking das mineiras. 
 
Empresas querem reajuste do valor teto 
 
Criada em abril de 2013, a Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), composta por 19 empresas – a maioria de capital aberto – mantém conversas com o governo federal para revisão das condições do Minha Casa, Minha Vida. Uma das principais reivindicações é a com relação aos valores máximos para habitações adquiridas pelo programa. 
 
Em Belo Horizonte, por exemplo, o teto é R$ 170 mil. Já nas cidades da Região Metropolitana, como Vespasiano, Betim, Contagem e Lagoa Santa, o limite é R$ 145 mil. Pouco, na opinião das construtoras.
 
“Fechamos 2013 com mais de 2 milhões de unidades contratadas. É um número expressivo em qualquer lugar do mundo. Mas onde há escassez e preços elevados de terrenos, como em BH e municípios limítrofes, é preciso um acompanhamento especial para que o programa não seja inviabilizado”, ressalta o diretor executivo da Abrainc, Renato Ventura. 
 
Diante da falta de espaço e das margens enxutas, a MRV praticamente abandonou o programa em Belo Horizonte e Contagem. Os últimos lançamentos foram há mais de um ano. “A Região Metropolitana de Belo Horizonte deveria ser tratada como a Grande São Paulo. Por lá, o conjunto metropolitano segue o valor da capital, de R$ 190 mil”, observa o diretor de Marketing e Vendas da MRV, Rodrigo Resende. 
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