O mercado de trabalho está cada vez mais saturado, empreender e ser criativo tem sido a solução para muitos profissionais atingirem o sucesso. Empresários iniciantes se deparam com gastos como secretária, espaço e infraestrutura, e muitas vezes não conseguem sobreviver aos primeiros anos.
De cada 100 empresas abertas em Minas Gerais, 81 permanecem no mercado após os dois primeiros anos de existência. O Estado apresentou a maior taxa de sobrevivência entre as micro e pequenas empresas do país (81,5%), e teve a menor taxa de mortalidade (18,5%). É o que mostra o estudo Sobrevivência das Empresas no Brasil realizado pelo Sebrae nos setores de Indústria, Comércio, Serviços e Construção Civil. “Os dois primeiros anos do negócio são um período crítico, pois as empresas ainda não são conhecidas no mercado, não possuem carteira de clientes e, muitas vezes, os empreendedores ainda têm pouca experiência em gestão”, explica Afonso Maria Rocha, diretor-superintendente do Sebrae Minas.
A pesquisa avaliou micro e pequenas empresas que abriram as portas em 2007 e se mantiveram no mercado até 2009. O resultado mostrou que Minas Gerais superou a média nacional de 76% da taxa de sobrevivência do segmento, e ficou abaixo da média de 24% da taxa de mortalidade dos pequenos negócios no Brasil.
Segundo Ana Paula Moura, tributarista da empresa Inovar Assessoria, entre as principais razões para a mortalidade precoce das empresas estão a falta de planejamento e o descontrole financeiro.
Diante das dificuldades iniciais, os escritórios compartilhados, também conhecidos como "coworking", têm ganhado popularidade, já que manter uma empresa representa ter despesas que nem todos os iniciantes estão preparados para arcar.
A idéia de “trabalhar em conjunto” surgiu nos Estados Unidos, em 2005. O engenheiro de software Brad Neuberg cansado de trabalhar em casa criou uma comunidade de trabalho com seus amigos. No Brasil, o primeiro coworking surgiu em meados de 2009.
Francisco Amaral e a equipe da Elo Coworking: escritório compartilhado para troca de experiências (Foto: Lucas Praes/Hoje em Dia)
Ao visitar os escritórios compartilhados, a impressão é de estar em empresas comuns, com salas de reunião, copa, estações de trabalho e pessoas de olhar fixo no computador. Porém, basta observar as conversas entre os profisisonais que dividem o espaço para perceber a diferença.
Segundo Francisco Amaral, diretor geral do Grupo de Coworkings de Minas Gerais (GCMG), em BH existem cerca de sete escritórios compartilhados e um em Montes Claros.
O local reúne vários tipos de profissionais como, arquitetos, engenheiros, advogados, designers, publicitários, consultores de diversas áreas, profissionais de TI, jornalistas, fotógrafos.
Além de fazer parte do grupo, Francisco é proprietário da Elo Coworking, localizada no bairro Belvedere, região Centro-Sul da capital. A empresa surgiu no ano de 2012 e atualmente possui cerca de 40 profissionais.
Reginaldo Fernandes é empresário na área de telecomunicações e abriu um escritório compartilhado, a Êxodo Net, que fica no bairro Carlos Prates, região Noroeste da capital.
De acordo com o empresário, a proposta de sua empresa é fazer com que a pessoa utilize seu espaço, mas se sinta à vontade. Isso explica a escolha da compra de uma casa, que vai proporcionar ao profissional mais espaço para desenvolver suas atividades. "Além da estrutura compartilhada, ofereço espaços para interação social, como salas de jogos e redes de descanso", afirma Fernandes.
A proposta da Êxodo Net é fazer com que a pessoa utilize seu espaço, mas se sinta à vontade
O maior atrativo dos coworkings é a interação social, mas segundo as pessoas que procuram os espaços, o baixo custo é outro ponto positivo. Para facilitar ainda mais a vida de um profissional que está iniciando seu negócio, muitos desses lugares ainda oferecem assessoria contábil.
De acordo com Marilene Souza, que trabalha na área de TI e utiliza um escritório compartilhado, a vantagem é ter um espaço completo, onde o profissional pode receber seus clientes. De acordo com ela, o aprendizado adquirido também é muito grande, pois existe a oportunidade de trocar experiências com profissionais de muitas áreas. A economia é outra vantagem, explica Marilene.
Veja as dicas do Sebrae para iniciar e manter um negócio:
1- Planeje-se sempre;
2- Respeite sua capacidade financeira
3- Não misture as finanças da empresa com as pessoais
4- Fique de olho na concorrência
5- Prospecte novos financeiros
6- Tenha controle do seu estoque
7- Marketing não resume a anúncio, invista em outras estratégias
8- Inove, mesmo que seja um produto/serviço de sucesso
9- Invista sempre na formação empresarial
10- Seja fiel aos seus valores do negócio
Perfil dos coworkers
Estudo feito pela empresa Coworking Offices, de São Paulo, aponta que quatro em cada cinco profissionais começaram a carreira com uma formação universitária. A maioria trabalha em indústrias criativas ou de novas mídias. Pouco mais da metade são trabalhadores independentes.
No entanto, a participação de empregados assalariados tem alterado essas estatísticas, dado o aumento do interesse de grandes empresas em experimentar o coworking, especialmente nos EUA, onde 35% dos coworkers são empregados assalariados. A média de idade é de 34 anos, sendo dois terços deles homens e um terço de mulheres.