MONTES CLAROS – Mais de 300 cabeças de gado morreram e outras 3.000 foram vendidas em Monte Azul, no Norte de Minas, por causa da pior seca dos últimos 50 anos, que deixou um rastro de desolação na zona rural. E segundo especialistas, o quadro deverá se agravar ainda mais com o início do período seco.
Os dados mostram que nos últimos 12 meses, Monte Azul teve apenas 417,6 milímetros de chuvas, sendo 133,7 neste ano. As próximas chuvas estão sendo esperadas para outubro. Até lá, o abastecimento das comunidades rurais ocorre através de caminhões-pipas e abertura de poços.
O coordenador da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Monte Azul, Antônio Carlos Dias Araújo, explica que a seca está atingindo um dos piores indicadores dos últimos tempos. O município sempre manteve uma média histórica de 796 milímetros de chuva, conforme levantamento realizado pela Emater de 1977 a 2006.
Conforme a Emater, as chuvas sempre são concentradas de outubro a março. No mês de dezembro, a média sempre foi de 180 milímetros, mas na safra passada foi de 85,2 milímetros; enquanto em janeiro, sempre foi de 145 mm e neste ano, chegou a 83,6 milímetros.
Com os índices pluviométricos de 417,6 mm da safra 2011/2012 foram insuficientes para atender a demanda mínima da produção de milho, mamona e mandioca, que precisam de 500 milimetros. Somente o sorgo é que precisa de apenas 400 milímetros. O rebanho de Monte Azul de 30.780 cabeças de gado, no início da safra em outubro, caiu para 26 mil cabeças. Antônio Carlos Dias lembra que os animais começaram a perder peso, por falta de pastagens. Tem caso de um animal com 18 arrobas que perdeu três arrobas. Com medo de maiores perdas, os pecuaristas estão vendendo o gado para criadores de outras regiões mineiras.
A microrregião da Serra Geral tem um rebanho de 617 mil cabeças de gado, conforme dados da Emater, que permitiria uma produção de 301 mil litros de leite por dia e desde o mês de abril passou a apresentar uma queda de 30%, ou seja, 90 mil litros por dia, que em valores de R$ 0,70 o litro, implica em R$ 63,3 mil por dia de prejuízo. Com o agravamento da seca, acabou a pastagem para alimentar o gado e até mesmo a ração de cana-de-açúcar também acabou. Os prejuízos dobraram.
O agrônomo Arquimedes Batista Neves Teixeira, coordenador regional da Emater na Serra Geral explica que no próximo dia 3 será concluído o relatório dos danos causados pela seca nos 17 municípios mais afetados pela estiagem, mas lembra que o gado está enfraquecendo por causa do fim da pastagem. A veterinária Milena Maia, do Instituto Mineiro de Agropecuária em Janaúba, explica que o rebanho está afetado principalmente dos pequenos produtores rurais e que o esforço agora é evitar as carcaças a céu aberto, para não transmitir doenças.