A demanda mundial por minério de ferro vai sofrer forte incremento nos próximos anos devido ao aumento da necessidade dos países asiáticos, em especial da China e da Índia. A afirmação é do presidente da Vale, Murilo Ferreira, que fez palestra ontem, no segundo dia do 15º Congresso Brasileiro de Mineração, no Expominas, em Belo Horizonte. “Tenho certeza de que essa é a vez dos países emergentes”, disse Ferreira.
A afirmação do presidente da Vale é sustentada pelo aumento da urbanização da China. De acordo com ele, entre 2007 e 2015, a China deve ampliar em 54% a extensão das ferrovias, passando de 78 mil quilômetros para 120 mil quilômetros.
A rede rodoviária deve saltar de 54 mil quilômetros para 139 mil quilômetros, um aumento de 57%. No mesmo período, o país ampliará o número de aeroportos de 148 para 240, elevação de 61,6%.
Ainda conforme Ferreira, seis megacidades devem surgir no período para suportar o aumento da população chinesa. “Antes, era comum que os prédios na China tivessem seis andares. Hoje, eles têm 35 ou mais. É o início de uma segunda urbanização do país”, afirma. Ele lembra que, quanto maior o prédio, maior a quantidade de aço a ser utilizada. “É uma multiplicação complexa, não é uma conta simples”, diz.
Para atender ao crescimento estimado do mercado asiático, a Vale foca em projetos para ampliar a produção de minério. No complexo mineral de Itabira, Região Central de Minas Gerais, a companhia prevê aumentar a capacidade produtiva de 45 milhões de toneladas por ano para 57 milhões de toneladas, conforme o diretor de planejamentos ferrosos da companhia, Lúcio Carvalho.
O complexo engloba três projetos, que ainda estão em fase de implantação e receberão investimentos de US$ 5,5 bilhões até 2016: Conceição Itabiritos 1, Conceição Itabiritos 2 e Cauê Itabiritos.
Destes, o mais avançado é o Conceição Itabiritos 1, que começará a operar no segundo semestre de 2013, quando atingirá a marca de 1 milhão de toneladas. “Estamos em fase de testes dos projetos”, afirma. O projeto receberá US$ 1,1 bilhão.
Tecnologia
A Vale aposta em alta tecnologia para reduzir gastos e ampliar a precisão dos projetos. A empresa implantou, em Nova Lima, uma sala de realidade virtual, que permite a visualização de imagens em três dimensões, com o objetivo de desenvolver e acompanhar projetos. O investimento foi de R$ 4 milhões. É a primeira vez que uma empresa de mineração utiliza esse tipo de tecnologia.