Famílias da Região Sudeste controlam os gastos e reduzem o endividamento

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
Publicado em 04/02/2014 às 07:23.Atualizado em 20/11/2021 às 15:47.
 (Marcelo Prates/Hoje em Dia)
(Marcelo Prates/Hoje em Dia)
As famílias da Região Sudeste – que reúne os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – são as menos endividadas do país, conforme aponta a pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que será divulgada nesta terça-feira (4) e à qual o Hoje em Dia teve acesso antecipadamente. 
 
Segundo o levatamento, enquanto a média nacional de famílias comprometidas financeiramente em 2013 era de 62,5%, no Sudeste o índice ficou em 56,3%.
 
O mesmo cenário é verificado quando a quantidade de famílias com contas em atraso é analisada. No Brasil, a média é de 21,2%, contra 18,8% no Sudeste. 
 
Na avaliação da economista da CNC, Marianne Hanson, a diferença entre o desempenho do Sudeste e o do restante do país é reflexo de uma mudança no perfil do consumidor, que começa a fazer planos financeiros. “O brasileiro é tradicionalmente avesso a planilhas e planejamentos financeiros, o que, felizmente, começa a mudar”, afirma Marianne. 
 
Outro dado da pesquisa destacado pela economista da CNC é o tipo da dívida assumida pelos moradores de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Enquanto 8,7% dessas pessoas estão endividadas com financiamento de casas, no país o índice é de 6,7%. Os compromissos com financiamento de veículos são de 14,8% no Sudeste e de 12,6% no restante do Brasil. Já com o crédito consignado, no Sudeste a parcela de endividados é de 5,2%, contra 4,8% na média nacional.
 
Esses tipos de dívida, segundo Marianne, são de menor risco para o credor. “São dívidas com efeitos colaterais graves se não forem pagas. A pessoa pode perder a casa ou o carro. E, no caso do consignado, não há como não pagar”, comenta. 
 
Novo perfil
 
A estatística da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) Luana Oliveira concorda que o consumidor está mais cauteloso. Para não estourar o orçamento, de acordo com ela, as pessoas têm substituído marcas e excluído os produtos supérfluos das listas de compras. Como resultado, ela comenta que a inadimplência em Belo Horizonte caiu de 4,5% em dezembro para 4,2% em janeiro.
 
Ela cita, ainda, a Pesquisa de Orçamento Doméstico de Belo Horizonte, realizada pela Fecomércio e divulgada na última segunda-feira (3). Segundo o levantamento, em janeiro deste ano 39,8% dos consumidores afirmaram planejar e seguir rigidamente o orçamento, índice 4,7 pontos percentuais superior aos 35,1% registrados em dezembro do ano passado. “Nós sabemos que há uma diferença entre a intenção e a prática, porém, a pesquisa comprova que o consumidor está mais preocupado com as finanças”, comenta Luana. 
 
O advogado Marcos Virgílio de Moura Lima e Almeida é exemplo de quem está atento às finanças pessoais, engrossando a fatia dos consumidores precavidos. Embora ele não coloque tudo na ponta do lápis, não se endividar é um lema. “Não organizo todos os dados em uma planilha, mas não gasto além da renda. Sempre que posso, compro à vista”, afirma.
 
Fatia dos que se sentem “muito endividados” é de 11,4% no Sudeste
 
Segundo a pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a quantidade de habitantes da região Sudeste que se sente “muito endividada” com cartão de crédito, cheque pré-datado, carnês, empréstimo pessoal, financiamento de veículo e seguros é de 11,4%, enquanto a média nacional é de 11,6%. 
 
Os que se consideram “mais ou menos endividados” no Sudeste representam 23,9%, contra 24,6% no Brasil. Os “pouco endividados” em Minas Gerais, São Paulo, Rio e Espírito Santo correspondem a 22,3%, índice quase quatro pontos percentuais inferior aos 26% no restante do Brasil. Em compensação, 42% dos consumidores da região Sudeste afirmam não ter dívidas desse tipo, enquanto no país a média é de 37,4%.
 
Além da mudança no perfil do consumidor, que está mais cauteloso, o doutor em economia e professor da escola do Legislativo Fabrício Augusto de Oliveira lembra que a região Sudeste é a mais rica do país. Como a renda nesses Estados é superior, existe uma possibilidade maior de que os consumidores quitem os débitos com mais facilidade. “Devido à renda e ao emprego mais intenso, os moradores do Sudeste estão mais envolvidos no sistema bancário, fator que contribui para a redução de dívidas”, diz.
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