Preços vão aumentar

Farmácias fazem promoções para acelerar vendas antes do reajuste; consumidores reclamam

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
29/03/2023 às 14:40.
Atualizado em 29/03/2023 às 14:51
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) estabeleceu o teto de reajuste para remédios em 4,5%, em 2024.  (Reprodução/Internet)

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) estabeleceu o teto de reajuste para remédios em 4,5%, em 2024. (Reprodução/Internet)

A partir de sábado, o preço dos medicamentos sofre reajuste de 5,6%. E a alta vai pesar ainda mais no bolso de quem faz uso continuado de alguns itens, como os usados para controlar pressão, diabetes, doenças cardíacas ou respiratórias.

Enquanto o aumento não entra em vigor, no balcão das farmácias os vendedores incentivam clientes a aproveitar promoções – na linha “leve dois ou mais com desconto”. Quem depende dos remédios para manter a saúde está na outra ponta, reclamando dos preços e correndo atrás de alguma economia.

“Fiquei sabendo pelo pessoal da farmácia onde eu compro sempre. Me avisaram que o preço iria aumentar e sugeriram que eu comprasse mais caixas”, conta Vamir Ferreira, morador de Belo Horizonte, que a cada 20 dias precisa repor estoques de remédios para controle da pressão. 

Situação semelhante em várias farmácias da região hospitalar de Belo Horizonte visitadas pela reportagem. Em uma delas a cliente interessada em comprar um colírio ouviu a proposta de um vendedor. “Se você levar três, vai ter 20% de desconto. É um remédio que a senhora vai usar sempre, então não vai perder”, disse.

Um vendedor que conversou com a reportagem afirmou que o aumento é argumento a mais para venda e garante que o consumidor compre quantidade maior na empresa ao invés de dividir a venda com a concorrência. Numa das promoções ofertadas, seis caixas do remédio de pressão adquirido pelo Vamir, que ficariam R$ 288, saíram por cerca de R$ 230. “Eu vou comprar de qualquer jeito; gasto mais agora, mas economizo depois”, diz.

Mas nem todo mundo pode “aproveitar”. Maria de Fátima Cupertino, moradora de Santana do Pirapama, região Central de Minas, faz uso constante de uma “bombinha de asma” e de remédios contra a depressão. “Não dá para comprar uma quantidade maior e eu não consigo aproveitar esse tipo de desconto. Trabalho em casa de família, sou assalariada”, lamentou.

Segundo ela, o reajuste vai pesar no orçamento . “A asma foi uma das heranças que a Covid deixou para mim em 2021. Agora tenho que usar sempre. Já tentei parar, mas não consigo. Quando não tenho o dinheiro busco ajuda com os amigos”. 

Mudança anual

O aumento é anual e determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão responsável por limitar e fiscalizar preços de medicamentos no Brasil. O índice neste ano considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o jeito é se adaptar e pesquisar as melhores alternativas. Para a coordenadora do Programa de Saúde do Idec, Ana Carolina Navarréte, o consumidor deve pesquisar em sites ou lojas físicas ou até participar de programas das empresas que pedem o CPF para encontrar os melhores preços. “Nunca aceite o primeiro preço que encontrar! Outra coisa é avaliar programas como Farmácia Popular, faz, com desconto de até 90% em alguns medicamentos”, orienta.

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