Financiamento de veículos cresce 11% em setembro

Fernando Dutra - Hoje em Dia
Publicado em 09/11/2014 às 09:23.Atualizado em 18/11/2021 às 04:56.
 (André Brant/Arquivo Hoje em Dia)
(André Brant/Arquivo Hoje em Dia)
último relatório de crédito do Banco Central. Na comparação com setembro do ano passado, o crescimento foi de 10,3%. O aumento é reflexo da redução dos depósitos compulsórios (dinheiro dos bancos que fica retido no BC), que passou a vigorar no final de agosto e liberou cerca de R$ 15 bilhões para crédito.
 
Com mais dinheiro para emprestar, os bancos reduziram as exigências para concessão de financiamentos. Além disso, as montadoras e concessionárias estavam em plena temporada de promoções para tentar reverter as vendas fracas verificadas desde o início do ano.
 
Segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até setembro, o crescimento nas operações de financiamento de veículos foi de 2,7%, e de 4,3% no acumulado de 12 meses até setembro. Para o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Moraes Filho, setembro foi um mês que superou as expectativas. “Houve um crescimento que não era de se esperar. O panorama era desfavorável”, afirmou. Segundo Mauro, embora o setor tenha enfrentado um ano “complicado”, trabalhando com “margens decrescentes”, o resultado positivo neste final de ano “deve ser comemorado”.
 
Pessimismo
 
O gerente de vendas da concessionária Roma, revendedora da Fiat, Mark Cretalde, afirma que ainda é cedo para falar em recuperação do setor e não se mostra otimista para o final do ano.
 
Ele diz que ainda não sentiu uma reação consistente da demanda e que trabalha ainda com o cenário de queda até o fim do ano. Opinião semelhante tem o gerente de financiamento da concessionária Jorlan, revendedora Chevrolet, Helbert Abrão, para quem “houve aumento de demanda”, embora as vendas ainda estejam “aquém do patamar no qual poderiam estar”.
 
Ele atribui o crescimento às promoções das montadoras e taxas especiais de financiamento negociadas pelas concessionárias com os bancos. “Cliente compra o carro em outubro e paga a primeira parcela no final de novembro, provavelmente já com o 13º salário”, disse.
 
A recuperação do setor também não é uma realidade para o gerente de vendas da Pisa, revendedora Ford, Antônio Longuinho. “Não se pode falar em recuperação. As montadoras estão com taxa zero. É um sacrifício que estão fazendo, então não se configura recuperação”, disse.
 
Comprador está com mais poder de negociação
 
O aumento na oferta de crédito pelos bancos beneficia o consumidor em dois pontos: reduz as taxas de juros e diminui as exigências para aprovação do crédito.
 
Apesar disso, o comprador de veículo deve pesquisar e negociar as melhores condições de juros e pagamento, já que seu poder de barganha aumentou desde a redução dos depósitos compulsórios.
 
De acordo com Mark Cretalde, da Roma, quanto maior o prazo de pagamento, mais juros o cliente pagará e mais difícil será a aprovação do crédito.
 
Para fugir dos juros, o gerente da Jorlan, Helbert Abrão, diz que os clientes estão se esforçando para dar uma entrada maior, ou mesmo quitar o veículo de uma só vez. “Os clientes preferem dar a metade ou 60% de entrada, para pegar uma taxa melhor. E tem muita gente comprando carro a vista”, disse.
 
No caso da Pisa, a maior parte dos financiamentos são de até 24 meses, com explica o gerente Antônio Longuinho. “Geralmente optam por 50% de entrada e o restante em 24 meses”, disse.
 
Mesmo com o recente aumento do financiamento de veículos, os estoques nos pátios das concessionárias seguem em níveis normais.
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