Funcef mantém apetite por infraestrutura

Agência Estado
Publicado em 08/02/2015 às 13:48.Atualizado em 18/11/2021 às 05:57.

A Funcef, fundação dos funcionários da Caixa Econômica Federal, o terceiro maior fundo de pensão do Brasil com um patrimônio de R$ 56 bilhões, mantém seu apetite por investimentos em infraestrutura, mas admite que talvez tenha menos capacidade para novos aportes. "Nós não estamos saindo de estruturados. O que mudou é que antes entrávamos como âncoras, com tíquetes muito altos. Agora esse mercado (de private equity) amadureceu, os fundos cresceram, estão atraindo investimentos estrangeiros, e a nossa capacidade de investir diminuiu", destaca o diretor de investimentos da fundação, Maurício Marcellini Pereira.

Hoje, a Funcef possui 11% de sua carteira alocada em investimentos estruturados, onde são contemplados os fundos de private equity. Se forem contabilizados os investimentos comprometidos, essa fatia sobe para 12,5%, diz o diretor da fundação. Investimentos em infraestrutura, conta Marcellini, correspondem a 70% dos recursos aplicados em estruturados. "O conceito de infraestrutura é interessante para nós. Tem contrato de longo prazo, muitas vezes atrelado à inflação. Tem previsibilidade de receita e o risco assumido é o de execução do projeto e casa com o nosso passivo de longo prazo", destaca. A taxa de retorno nominal buscada pela fundação é entre 15% e 20%, explica.

Os investimentos em estruturados são divididos em duas classes: aqueles feitos por meio de fundos de private equity, que ocorre após a seleção de gestores, e os aportes diretos feitos em projetos. "Esse programa era antes financiado com recursos que vinham da renda fixa, mas agora está sendo financiado com recursos da própria carteira. Os investimentos feitos em 2005 e 2006 começam a ser desinvestidos, sendo que parte foi utilizada para recompor liquidez e outra para reinvestir na carteira", detalha.

Renda Fixa

A participação de renda fixa no portfólio da Funcef voltou a crescer diante da abertura das taxas de juros no Brasil. Hoje com 47% do total da carteira, o nova política de investimentos para o período de 2015 a 2019 prevê que essa fatia vá para 50%, ao passo que o investimento em renda variável faça o caminho oposto, indo dos 28% atuais para 25%. "Na política de 2014, voltamos a ter aportes líquidos em renda fixa, ou seja, tirando investimentos de outra classes de ativos para a renda fixa. Esse é um movimento tático que também atende a maturidade do plano", afirma. A Funcef paga anualmente R$ 2 bilhões em benefícios, ao passo que recebe um total de R$ 1,6 bilhão de contribuições.

Outra fatia relevante dos recursos da fundação está em imóveis. Por conta da valorização desses ativos, a Funcef se encontra hoje desenquadrada em relação às regras. Representando 10% de sua carteira, o fundo de pensão deve diminuir essa fatia para 8% já ainda no primeiro semestre deste ano. "Iremos pegar alguns imóveis comerciais e juntar em um fundo imobiliário. Outra estratégia será juntar as agências que temos alocadas com a patrocinadora e formar outro fundo", explica o diretor de investimento da fundação.

Com esse movimento dentro da carteira, esses investimentos deixariam de figurar em "imóveis", passado assim para os investimentos estruturados. Além disso, conta o executivo, a Funcef tem um plano de alienação de imóveis. "Essa carteira está dando um retorno muito bom e está no DNA da Funcef investir em imóveis, mas a legislação impõe 8% e devemos ficar nisso", lembra.

No momento, a fundação também está analisando seu primeiro aporte no exterior, por meio de um fundo de private equity ou ações. "Começaremos bem pequenos, será um período de aprendizado", destaca. A ideia é ter cerca de 1% do patrimônio, inicialmente. "É importante termos exposição ao dólar no portfólio", justifica. Ele diz, porém, que para considerar a carteira diversificada com ativos em dólar, seria necessário ter 10% de alocação, no limite do permitido pela legislação, meta que considera factível para um cenário de 10 anos.

Déficit

Os números relativos a 2014 ainda não foram divulgados, mas a Funcef deve ter encerrado 2014 com déficit pelo terceiro ano consecutivo. Nessa situação, o governo determina que planos com déficit igual ou inferior a 10% do patrimônio por três anos seguidos devem apresentar um plano de resolução do passivo no ano seguinte, no qual participantes e patrocinadores fazem um aporte no fundo.

O diretor de investimento destaca ainda que o regulador não olha os planos de acordo com a seu perfil (duration), que é o prazo médio que o plano tem para pagar as aposentadorias, que no caso da Funcef é de cerca 15 anos. "Olhar as fundações em um horizonte de três anos em conceito de déficit, não acho que é o conceito mais apropriado", afirma.


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