G-20: temor com abismo fiscal nos EUA domina debates

Adriana Fernandes, enviada especial
04/11/2012 às 12:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:51

Às vésperas das eleições presidenciais no Estados Unidos, líderes do G-20 estão preocupados com o risco do chamado "abismo fiscal" atrapalhar a recuperação econômica norte-americana e contaminar a economia global. O "abismo fiscal" é a entrada em vigor nos Estados Unidos em janeiro do ano que vem de cerca de US$ 600 bilhões em cortes automáticos de gastos públicos e o fim de isenções de impostos.

Na reunião de ministro de finanças e presidentes de G-20, que acontece na cidade do México e se estende até amanhã, a preocupação com o "abismo fiscal" tem dominado as discussões internas. Os Estados Unidos, no entanto, insistem que a crise da dívida na Europa é o maior entrave para a recuperação da economia global.

Segundo uma fonte do G-20, a delegação americana manifestou preocupação com os riscos do "abismo fiscal", mas o assunto está "congelado" por conta da eleição presidencial americana, marcada para a próxima terça-feira. "Todo mundo está consciente de que tem uma um problema. A própria administração americana fala que está consciente, mas por enquanto não pode dizer como vai lidar com o problema enquanto não tiver a eleição e o embate no legislativo começar", disse uma fonte do G-20 que participa das negociações.

A crise financeira na Europa também está no centro das discussões, mas não se espera avanços na reunião. Segundo a fonte, está na agenda do encontro uma avaliação sobre a eficácia dos planos de redução de dívida dos países - traçados na cúpula do G-20 de 2010 em Toronto, e se ajustes precisarão ser feitos. "Algumas coisas aconteceram. Mas a economia global não está crescendo. É preciso saber se é um problema de desenho desses compromissos ou de implementação", disse a fonte.

O impasse na Grécia, que negocia um novo alívio para o pagamento da dívida, não está sendo tratado na agenda oficial na reunião do G-20. "A questão da Grécia especificamente tem mecanismos decisórios próprios, que são do Banco Central europeu e do FMI para saber se autoriza uma tranche adicional, mas não é algo que passa pela decisão do G-20", disse a fonte.

As reuniões do G-20 começam oficialmente neste domingo, em evento fechado à imprensa. À tarde, o presidente do Banco Mundial, Jim Young Kim, o ministro das Finanças do México, José Antônio Meade, e o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), José Ángel Gurria, falam sobre o aumento da resiliência financeira por meio da gestão do risco de desastres.

No sábado, os representantes das delegações passaram o dia em reuniões preparatórias para traçar o rascunho do documento final do encontro, que será divulgado na segunda-feira. O Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco central dos bancos centrais, também realizou uma reunião na capital mexicana. Esperam-se avanços em temas relativos à regulação bancária. Nos bastidores da reunião, há rumores, no entanto, sobre o risco de atraso na implementação das regras bancárias mais rígidas de Basileia 3.
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