Apesar da insatisfação entre os caminhoneiros com a alta no valor do óleo diesel anunciada na quarta-feira pela Petrobras, o líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), Ivar Schmidt, acredita que é cedo para uma paralisação. "Obviamente, nós não gostamos de mais despesas, mas existe a percepção de que o governo atual é muito recente e ainda não teve tempo de trazer uma solução. Mas se tiver mais dois reajustes já seria motivo para uma nova greve", afirma o representante.
Na noite de quarta, a Petrobras informou ao mercado a decisão de aumentar o preço do diesel em R$ 0,10 por litro, o que implica uma variação mínima de 4,518% e máxima de 5,147%, nos seus 35 pontos de venda no Brasil. Este aumento passou a vigorar a partir de hoje.
Segundo Schmidt, novos ajustes no valor do combustível têm potencial para desencadear uma paralisação nacional, na mesma dimensão que a ocorrida no fim de maio de 2018 e, novamente, com potencial para prejudicar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do País. "Não tenho a menor dúvida de que pode vir um novo efeito negativo para o agronegócio e para o PIB", enfatiza.
Com base nessas possíveis consequências, o líder da CNT alerta que o governo federal precisa trazer uma solução no menor tempo possível. "Até agora, não recebemos uma receita certa para conter o problema", diz. A interlocução entre a categoria e o poder público está sendo feita por meio do Fórum Permanente do Transporte Rodoviário de Cargas.
Uma das alternativas defendidas pelo comando para minimizar o problema com os fretes rodoviários é a redução e a fiscalização das jornadas de trabalho dos caminhoneiros, que, de acordo com Schmidt, hoje chegam a trabalhar 16 horas corridas. Ele conta que desde 2012 há uma lei que reduz a carga horária para oito horas de expediente. No entanto, "grandes corporações de setores como o agronegócio fazem lobby para que essa lei não seja cumprida e que se adote apenas a estratégia da oferta e da demanda".
Na visão da CNT, a redução na jornada de trabalho aumentaria o número de caminhões nas estradas, mas regularia a oferta de transporte e ajudaria a equalizar o valor dos fretes o que, por outro lado, poderia elevar os custos de logística para as empresas. "Em vez de terem um único caminhão rodando por muito tempo, as companhias precisariam de mais um caminhão para transportar a mesma quantidade de produto e eles não querem isso", explica. Também para o cumprimento dessa medida o governo precisaria construir pontos de parada para os caminhoneiros, algo que, desde 2012, "foi prometido e nunca aconteceu".
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