O boom de consumo percebido nos últimos anos, sobretudo em 2012, com crédito farto e pouco seletivo, teve como efeito colateral entre os idosos a escalada dos índices de inadimplência.
Pesquisa divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) aponta que 15,98% das pessoas inadimplentes em abril deste ano tinham 65 anos ou mais, a taxa mais alta em cinco anos. Nos anos anteriores o índice foi de 13,15% (2013), 5,5% (2012), 10,2% (2011), 9,1% (2010) e 7,84% (2009).
Segundo a pesquisa, Belo Horizonte registrou aumento no número de pagamento de dívidas em atraso, de 3,32% em abril em relação ao mês imediatamente anterior. No acumulado do ano, a alta foi de 3,63%. Na comparação de abril contra março, a redução na inadimplên-cia chegou a 2,72%.
“Para os idosos, que normalmente tem renda menor (que o restante da população), juros altos e inflação tem impacto mais profundo. Além disso, há muita inadimplência nessa faixa etária porque emprestam o nome para terceiros contratarem crédito consignado, e acabam expostos”, afirmou a economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos.
Compromissos
O presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Minas Gerais (Sinap-MG), Adilson Rodrigues, avalia que os idosos sentiram mais os efeitos de um custo de vida mais alto.
“Alimentação, serviços médicos e remédio são os principais custos do idoso, e eles aumentaram muito. Ainda existe a questão do crédito consignado para socorrer um filho, uma nora. Esse socorro à família é uma realidade. Com reajustes mais dignos (da aposentadoria), teríamos um índice de inadimplência menor”, afirmou.
Rodrigues avalia que uma recuperação da economia tem potencial para aliviar o bolso dos idosos.
Segundo pesquisa da CDL, os jovens, entre 18 e 24 anos representaram 6,22% dos inadimplentes em abril deste ano, contra 9,3% de 2013.