As dívidas em atraso no país cresceram 19,1%, no primeiro semestre deste ano comparadas às de igual período do ano passado. Considerando apenas o mês de junho, a inadimplência foi 15,4% maior do que em igual período de 2011. Os dados da pesquisa Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor apontam, porém, uma leve queda de 0,5% na comparação com maio.
“A tendência é que haja uma diminuição lenta no ritmo de alta, mas ainda deveremos fechar o ano com inadimplência elevada”, prevê o economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida. Ele observou que, embora tenha sido menor do que o registrado no primeiro semestre de 2011 (21,6%), o índice continua alto. De acordo com Almeida, há um esgotamento da capacidade de compra que pode prejudicar o crescimento econômico.
“O consumidor não gasta porque não tem mais espaço em sua renda para assumir novas dívidas“, justificou Almeida. Ele avaliou que nem mesmo os estímulos fiscais para dinamizar o consumo vão mudar esse quadro no curto prazo e acredita na possibilidade de reação positiva no comércio apenas a partir de 2013.
O economista lembrou que, em maio, o índice de inadimplência das famílias medido pelo Banco Central, que só inclui o volume de empréstimos bancários não quitados, atingiu 8%, taxa próxima do recorde de 8,5%.
A pesquisa da Serasa mostra que as maiores dificuldades de pagamento ocorreram com as dívidas bancárias, com alta de 22,1%, mas cujo valor médio caiu 1% na comparação semestral alcançando R$ 1.294,59. Já as dívidas não bancárias (com cartões de crédito, lojas, financeiras, prestadoras de serviços de fornecimento de luz, água, telefonia etc.) aumentaram 21,6% e os títulos protestados, 6,3%, enquanto os cheques sem fundos recuaram 5,9%.
Por meio de nota, os economistas atribuíram o descontrole do consumidor às dívidas de alto valor para a compra de carros e imóveis e o uso do cheque especial e do crédito rotativo do cartão de crédito. De acordo com a Serasa, mais da metade dos inadimplentes ou 60% têm dívidas acima de 100% de sua renda e cada um tem em média quatro dívidas em atraso.