O cadastro de inadimplentes da capital mineira fechou agosto com um recuo de 1,81%, em comparação ao mesmo período de 2023. É a terceira redução consecutiva no ano. Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) revelam que o crescimento econômico do país, a estabilidade do mercado de trabalho, as políticas de renegociação de dívidas e o controle inflacionário impactaram na redução do indicador. Valor devido pelos belo-horizontinos ainda preocupa.
“Todos esses fatores aumentaram a renda disponível para os trabalhadores. Isso fez com que eles pagassem seus débitos e deixassem o cadastro de negativados. É um dado positivo, pois há uma recuperação de crédito das famílias e mostra que a nossa cidade tem respondido bem aos acontecimentos do país”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Ainda que a inadimplência tenha recuado, o valor devido pelos belo-horizontinos é motivo de preocupação. Segundo a CDL/BH, em agosto o valor médio das contas com pagamento em atraso foi de R$ 5.008,44. Como a média é de dois contratos inadimplentes por CPF, o montante médio devido por pessoa chega a R$ 10.016,88.
“Este valor é considerável e nos mostra que a maioria dos inadimplentes, por falta de planejamento financeiro, retorna ao cadastro de negativados por não saber usar de forma correta o crédito recuperado”, explica Souza e Silva.
Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que, em julho deste ano, do total de negativações, 85,22% eram devedores reincidentes, ou seja, já haviam aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. Considerando o universo de devedores reincidentes, 23,48% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram.
O indicador ainda revela que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida para outra é de 72,6 dias, ou seja: depois de 2,4 meses (em média) inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta.
Mulheres e idosos são devedores recorrentes
As mulheres e os idosos são dois grupos populacionais que sempre se destacam quando o assunto é inadimplência, diz a CDL-BH. Em relação às mulheres, é um reflexo das desigualdade de rendimentos, pois elas recebem cerca de 33% menos mesmo que exerçam funções semelhantes à dos homens. E idosos, na maioria dos casos, são “arrimo de família” e têm gastos elevados com saúde, dificuldade de acesso ao crédito e renda reduzida pela aposentadoria.
“São dois públicos que possuem muitas responsabilidades financeiras e, ao mesmo tempo, têm fragilidades econômicas. Por isso, se tornam frequentes no cadastro de inadimplentes e têm dificuldades de mudar esse cenário”, explica a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos.
O levantamento mostra que, em agosto, as mulheres ocuparam 47,28% do cadastro de inadimplentes e os homens, 43,76%. O valor médio devido por elas é R$ 4.914,10 e por eles, R$ 5.313,46. “Os homens devem um valor maior, porém, as mulheres possuem um volume maior de dívidas por CPF”, destaca a economista.
Em relação à faixa etária, a população de 50 anos a 64 anos representa 23,11% do cadastro de negativados. Na sequência, por ordem crescente de representação do indicador, estão os grupos de 30 a 30 anos (22,76%), 40 a 49 anos (22,4%), 65 a 84 anos (14,21%), 25 a 29 anos (9,87%), 18 a 24 anos (4,32%) , 85 a 94 anos (2,26%) e acima de 95 anos (0,85%).
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