A indústria nacional está recrutando nas universidades o reforço para alavancar sua agenda de inovação, considerada deficiente em relação a outros países. Por meio do programa Inova Talentos, iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estudantes do último ano da graduação e profissionais formados há, no máximo, três anos, sobretudo nas engenharias, receberão bolsas de R$ 1.500 a R$ 3 mil mensais durante um ano para desenvolver soluções inovadoras para empresas.
A proposta é incentivar as instituições a promoverem ações voltadas para pesquisa e desenvolvimento (P&D). Para participar do programa e receber os profissionais financiados pelo CNPq, que investirá R$ 29 milhões até 2015 no pagamento de mil bolsas, as empresas precisam apresentar projetos que serão avaliados por uma comissão de especialistas. As inscrições podem ser feitas até o dia 19 de dezembro, no site do IEL.
“O Inova Talentos foi concebido, primeiramente, para qualificar e inserir nas empresas recursos humanos qualificados. Ele chega para somar a um conjunto de iniciativas que vêm sendo realizadas no país”, afirma o gerente de Promoção da Inovação do IEL em Brasília, Rodrigo Teixeira.
Movimento fraco
O último diagnóstico da inovação na indústria brasileira foi feito há cinco anos, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na época, o levantamento mostrou que, de um total de 106,9 mil empresas, pouco mais de 42 mil implementaram inovações entre 2006 e 2008. Em Minas Gerais, no mesmo período, 5.500 das 13,1 mil empresas pesquisadas inovaram.
“O trabalho visa a mobilizar as empresas na busca pelo acesso a financiamentos, pensando em prospectivas tecnológicas e análise de mercado, processo que ainda precisa avançar muito no Brasil”, diz Teixeira.
De acordo com o gerente de Promoção da Inovação, para que haja mudança é imprescindível que o foco esteja na formação e qualificação de recursos humanos.
“Os profissionais selecionados receberão um conjunto de treinamentos e capacitações de modo que consigam, em um curto espaço de tempo, associar o conhecimento adquirido na academia com a experiência de gestão na área de negócios”, afirma.
Pesquisa paga com recurso próprio
O déficit de inovação observado na indústria brasileira justifica-se, na avaliação de especialistas, pela ausência de políticas públicas de incentivo voltadas especificamente para o setor. Segundo o último levantamento feito em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 88% dos financiamentos das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) feitos no Brasil originaram-se das próprias empresas, enquanto apenas 11% partiram da esfera pública.
Em Minas Gerais, os resultados mostraram menos desequilíbrio, mas também chamaram a atenção: 59% das empresas assumiram os gastos com seus projetos de inovação; outros 39% foram custeados pelo governo. “Inovação virou uma palavra da moda, mas estamos trabalhando para desmitificá-la. Inovar nada mais é do que transformar ideias em valor de mercado”, afirma o gerente de Promoção da Inovação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em Brasília, Rodrigo Teixeira.
Segundo ele, as empresas enfrentam dificuldades relacionadas à venda, exportação e outros gargalos do setor. “Precisamos de arcabouços legais para que as empresas consigam inovar”, diz o gerente.