
Os indicadores da indústria mineira de abril trazem dados alarmantes. A tendência continua sendo de piora dos resultados, mas o que supreende é a aceleração dessa deterioração.
Divulgada na última terça-feira (10) pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a pesquisa Indicadores Industriais (Index) mostra que o faturamento da indústria de abril é o menor dos últimos quatorze meses, e o terceiro pior dos últimos três anos.
Na comparação com abril do ano passado, o faturamento geral da indústria desabou 14,1%, puxada principalmente pela indústria extrativa, que tem por base a mineração, onde a queda foi de 24,3%.
Na mesma comparação, outros importantes setores tiveram queda forte de faturamento, como a indústria automotiva (29,9%); produtos de metal (47%); vestuário (8,7%) e calçados (13,8%).
Segundo o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da entidade, Lincoln Gonçalves, a situação torna-se ainda mais grave diante das perspectivas de novas reduções nos próximos meses.
“No acumulado do ano, o recuo (da indústria extrativa) é de 12,46% em função da diminuição das exportações e da queda nos preços internacional. Leia-se aí estoque elevado de minério na China. Com isso, a demanda do país asiático cai e joga os preços para baixo. O que temos, portanto, é a especulação chinesa no mercado mundial’, disse Gonçalves.
Susto
De acordo com ele, os resultados da pesquisa superaram as expectativas de analistas, que esperavam uma desaceleração industrial no Estado apenas a partir de julho.
“Acreditávamos que a boa fase de janeiro e fevereiro criaria uma gordura para ser queimada no segundo semestre do ano, quando imaginávamos uma queda na atividade econômica, mas já em março a curva se reverteu e em abril a coisa foi ainda mais acentuada. Então, tivemos um mês com índices bastante ruins e reflexos setoriais preocupantes”, disse.
Um deles foi observado no setor de produtos de metal. O setor vem amargando resultados negativos desde o ano passado, principalmente, em função da concorrência com estruturas metálicas importadas.
“E também por causa da redução nos investimentos no Brasil. Com isso, as entregas estão mais lentas e atrasadas”, afirmou Lincoln.
Pé no freio
Além do faturamento, a indústria mineira desacelerou nos itens horas trabalhadas (-6,17%), utilização da capacidade instalada (-0,74%) e emprego (-0,25%), em abril ante abril do ano passado. Na maior parte dos casos, o recuo é justificado pela redução de horas extras, férias coletivas e demissões, a exemplo dos setores automotivo e de produtos de metal, que vêm enfrentando cortes há alguns meses.
Por outro lado, a massa salarial e o rendimento médio real (salários divididos pelos empregos) tiveram aumento de 2,47% e 2,73%, respectivamente, no mesmo confronto.
“Isso significa que houve ganho real nos salários dos trabalhadores nesse período, o que impacta no custo do trabalho e na estrutura das empresas. É mais um fator que diminui margens e reduz a disponibilidade do empresário de tomar decisões de investimento”, disse o gerente de Estudo Econômicos da Fiemg, Guilherme Leão.
PIB de Minas cresceu 0,8% no primeiro trimestre
Fundação João Pinheiro divulgou na última terça-feira (10) o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais relativo ao primeiro trimestre do ano. Os dados, portanto, não incorporam a queda da indústria em abril e ainda estão influenciados pelos bons resultados de janeiro e fevereiro.
De acordo com o boletim, a economia mineira manteve o ritmo de expansão observado no último trimestre do ano passado e cresceu 0,8% nos primeiros três meses de 2014. Apesar de pequeno, o índice é quatro vezes superior ao crescimento da economia brasileira, que apresentou acréscimo de apenas 0,2% no mesmo período.
O crescimento resultou principalmente da recomposição em volume da produção da indústria extrativa mineral verificada nos dois primeiros meses do ano (2,9% no trimestre).
Também contribuiu a retomada da produção e distribuição de energia e saneamento (0,9%) após a abrupta contração na geração hidroelétrica nas usinas de Furnas no primeiro semestre de 2013.