A indústria mineira sentiu a freada da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, registrando queda de 1,11% no faturamento, na comparação com o mesmo período do ano passado. Influenciaram no resultado a redução da demanda interna e as restrições à importação de produtos brasileiros levantadas pela Argentina. Os dados constam da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), divulgada nesta sexta-feira (9) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Diante da fraqueza dos indicadores, que também apontaram para uma redução no nível de emprego (-0,17%) nos três primeiros meses, a Fiemg adianta que a perspectiva inicial de crescimento de 2,78% da produção em 2014 será revisada para baixo, devendo aproximar-se da média nacional, de 1,40%.
“Neste ano, há uma série de fatores que explica a probabilidade de a gente ter uma baixa taxa de crescimento industrial. Primeiro, o mercado externo ainda não apresenta um desempenho favorável e, quando a gente olha para o mercado interno, todo mundo que produz bens duráveis depende da evolução da renda e do crédito. A renda tende à estabilização e o crédito até sofreu uma queda nos últimos períodos”, afirma o gerente de Estudos Econômicos da Fiemg, Guilherme Leão.
Dentre os setores que mais puxaram para baixo o balanço trimestral do faturamento, estão os de veículos automotores (-13,61%), produtos de metal (-9,11%) e vestuário (-7,07%), todos com quedas acentuadas concentradas em março, principalmente.
No primeiro caso, o desempenho fraco é atribuído ao desaquecimento do mercado nacional associado à baixa confiança do consumidor. “Adicionalmente, esse setor vem sofrendo uma diminuição de vendas para a Argentina, seu maior importador, que está em uma crise profunda, e nós sabemos que não há crises de curto prazo”, diz Leão.
Já o segmento de produtos de metal apresenta forte relação com os investimentos, que encontram-se estagnados em todo o país, sob influência da realização da Copa do Mundo e das eleições. Somado a isso, Leão ressalta, também, a concorrência com os chineses, que exportam estruturas metálicas prontas para o Brasil.
Quanto ao setor de vestuário, o enfraquecimento observado de janeiro a março é considerado normal, já que dezembro é o mês mais forte, devido às vendas de Natal, o que eleva a base de comparação com os meses subsequentes.
A expectativa de recuperação gira em torno do terceiro trimestre, após o Mundial e antes das eleições. “O primeiro a gente já viu que não foi grandes coisas. No segundo, a Copa ajudará ao comércio e ao setor de serviços. No quarto trimestre, teremos eleição e fechamento de ano, que já é relativamente um período reduzido para a indústria”, afirma o gerente.