A indústria da transformação voltou ao nível de produção de 2009, e tanto esse subsetor quanto a indústria total tiveram no segundo trimestre de 2012 os piores resultados desde a grande crise global.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2012, a indústria caiu 2,4% e a indústria de transformação teve um forte recuo de 5,3%, pior resultado entre os 11 subsetores da indústria e dos serviços, e quarta queda trimestral consecutiva. Tanto no caso da indústria quanto no da indústria de transformação, são os piores números desde o terceiro trimestre de 2009. Em quatro trimestres até o fim de junho, a indústria recuou 0,4% e a indústria de transformação caiu 2,9%.
Os destaques negativos da indústria, segundo o IBGE, foram material eletrônico e equipamentos de comunicações, veículos automotores, artigos de vestuário e calçados e produtos farmacêuticos. Alguns segmentos com bom desempenho foram bebidas, madeira e mobiliário e artigos de perfumaria.
Os analistas apontam a perda de competitividade e a fraca demanda externa, com recessão na Europa e baixo crescimento nos Estados Unidos, como principais fatores da crise na indústria, cuja produção no segundo trimestre de 2012 foi inferior à de dois anos antes, no mesmo período de 2010. O caso da indústria de transformação, responsável por 53% da indústria total, é ainda pior: o nível de produção do segundo trimestre foi menor do que o do quarto trimestre de 2009.
"O cenário externo adverso complica a recuperação da indústria, e nosso modelo de crescimento baseado em consumo acaba trazendo problemas, com salários em elevação que não são compensados por ganhos de produtividade, o que prejudica a competitividade", diz o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.
Petróleo
Ainda na indústria, o subsetor extrativo mineral teve queda de 1,8% no segundo trimestre em comparação a igual período de 2011, por causa do recuo na extração de petróleo e do crescimento fraco em minério de ferro. Já a construção civil cresceu 1,5% em relação ao segundo trimestre de 2011, mas recuou 0,7% na comparação dessazonalizada com o primeiro trimestre de 2012.
O melhor desempenho industrial foi do item "eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana", que cresceu 4,3% em relação ao segundo trimestre de 2011, puxado pelo consumo residencial de energia.
Serviços
Nos serviços, o principal destaque foi o item administração, saúde e educação públicas. Segundo Rebecca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, o segundo ano de governo normalmente tem mais concursos e contratações, após uma certa parada de início de mandato - o que influenciou a alta da administração pública, além das restrições a contratações no segundo semestre de anos eleitorais.
O pior desempenho do setor de serviços foi dos subsetores ligados à indústria, como comércio (especialmente atacadista) e o item transporte, armazenagem e correio.
No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram queda de 3,9% ante os três meses anteriores, na série dessazonalizada. Já as importações cresceram 1,9%. Em relação ao segundo trimestre de 2011, as exportações caíram 2,5% e as importações subiram 1,6%.
Para Rebecca, foi a queda dos preços das commodities (que desestimula as exportações), e não o câmbio (que até se desvalorizou ao longo do segundo trimestre), que explica o mau desempenho das exportações no segundo trimestre. Os investimentos recuaram 0,7% no segundo trimestre, ante o primeiro. É o quarto recuo consecutivo nessa base de comparação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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