Caiu mesmo?

Inflação desacelera, mas euforia não chega às famílias, que seguem comprando menos

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 11/04/2023 às 21:53.
Na capital, os produtos que seguraram os preços foram a batata-inglesa (-18,88%) e as frutas (-11,60%) (Carlos Roberto)

Na capital, os produtos que seguraram os preços foram a batata-inglesa (-18,88%) e as frutas (-11,60%) (Carlos Roberto)

Inflação desacelera, bolsa de valores reage bem, mas a euforia não chega aos consumidores, que ainda demonstram pouca disponibilidade para comprar. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação desacelerou em março e fechou o mês com um aumento de apenas 0,71%, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (11).

O resultado é menor do que o registrado em fevereiro, quando a alta de preços ficou em 0,84%. No ano, o IPCA acumula elevação de 2,09% e, nos últimos 12 meses, de 4,65%. Esse foi o menor IPCA acumulado em 12 meses desde janeiro de 2021. Número bem abaixo da expectativa do mercado financeiro, que estava em 5,98% para o ano.

A surpresa dos investidores provocou uma alta de 4% na Bolsa de Valores e queda no dólar, que encerrou o dia a R$ 5,01, o menor valor em dez meses. 

A expectativa do mercado financeiro é a de que a queda na inflação oficial abra espaços para a queda na taxa de juros, hoje mantida em 13,75% pelo Banco Central, explica a economista Mafalda Valente, professora das Faculdades Promove.

Consumidores
Essa euforia ainda não chegou à economia real. Pesquisa divulgada nesta semana pela Fecomércio-MG mostrou que em março a expectativa de compra das famílias continuava recuada. Mais da metade das famílias pesquisadas, 52,9%, afirmaram que estão comprando menos do que no ano passado e 76,9% dizem que não pretendem fazer grandes gastos e adquirir bens duráveis.

Para Mafalda Valente, a intenção de compra é um mau sinal que pode indicar dificuldades para a recuperação econômica do país. “Pouca disposição para adquirir bens é um entrave, porque se as pessoas não compram, a indústria não produz e não gera emprego. É um círculo e para a recuperação econômica é preciso movimentar essa engrenagem”, disse.

O INPC acumula no ano elevação de 1,88% e, nos últimos 12 meses, de 4,36%. Esse resultado é menor do que os 5,47% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2022, a taxa tinha ficado em 1,71%.

Belo Horizonte
Os belo-horizontinos têm razão para comemorar. A capital mineira foi a que teve o menor índice de inflação entre todas as cidades pesquisadas pelo IBGE, com alta de apenas 0,26% no mês. 

No país, o grupo de produtos que mais teve peso foram os transportes, com destaque para a gasolina, com alta de 8,33% no período.

Em BH, os produtos que seguraram os preços foram a batata-inglesa (-18,88%) e as frutas (-11,60%). 

Em nota, o IBGE informou que, para o cálculo do índice do mês, “foram comparados os preços coletados no período de 1º a 29 de março de 2023 (referência) com os preços vigentes no período de 28 de janeiro a 28 de fevereiro de 2023 (base)”.

Emprego
No pacote de números divulgados nesta terça-feira, ainda teve destaque o índice de desemprego medido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A taxa tem se mantido estável em 2023 e se manteve em 8,3% nos dois primeiros meses do ano, de acordo com o instituto.

Em fevereiro, o número de trabalhadores ocupados ou que estavam à procura de emprego era de aproximadamente 107 milhões, 2,7% menor que o observado em junho de 2022, mês em que o desemprego atingiu o maior patamar dos últimos 12 meses.

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