A economia feita com o corte dos produtos supérfluos não surtiu o efeito esperado no bolso dos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Graças à elevação de itens essenciais como água, esgoto e ônibus coletivo, em 2016 a inflação da RMBH fechou em 7,86%, superior ao esperado para a média nacional.
A pesquisa foi divulgada ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). Já o Boletim Focus, do Banco Central, estima elevação de 6,4% na inflação nacional.
Os produtos não alimentares contribuíram mais fortemente para elevar o custo de vida. Condomínio subiu 17,70%; empregado doméstico 11,68%; IPTU 10,71%, plano de saúde 13,57% e as excursões 24,23% no confronto com 2015.
Segundo o professor de Inteligência de Negócios do Ibmec, Marcus Renato Xavier, os itens com reajustes atrelados a índices oficiais, como o próprio IPCA de 2015 – que fechou em 11,82% –, foram responsáveis por puxar os custos para cima. Como reflexo, produtos e serviços essenciais foram às alturas.
Em contrapartida, o arrocho econômico atravessado pelo país no ano retrasado não deixou margem para que houvesse alta generalizada dos preços. “Com a demanda em baixa devido à crise, a maioria dos produtos e serviços foram pressionados pela economia e não subiram. Outros, vinculados a tarifas que têm reajustes automáticos, dispararam”, explica o acadêmico.
O condomínio, por exemplo, é composto basicamente por água, esgoto e manutenção. Como o sistema de esgoto está fortemente vinculado aos índices oficiais, houve aumento expressivo. No caso da manutenção, a alta é atrelada à revisão anual do salário mínimo. “Apesar de as categorias não terem registrado êxito nas negociações com os empregadores, o salário teve alta de 11,6% no ano passado ”, ressalta Xavier.
Alimentos
Os itens alimentares também encareceram, com aumento acumulado no ano de 5,64%. A refeição em self-service foi a que mais pesou no índice, com variação de 2,28%.
“A alimentação fora de casa pesa mais porque as pessoas ainda comem com maior frequência na rua. Mas à medida em que elas descobrirem que podem economizar comendo em casa, os preços vão reduzir com a menor demanda”, acredita o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Andrew Storfer.
Apesar da escalada de vários produtos e serviços, a coordenadora da pesquisa do Ipead, Thaize Martins, pondera que existem os “mocinhos”. Como exemplo ela cita a energia, com queda de 2,92%.
Índice para famílias de baixa renda chega a 6,22% em 2016
SÃO PAULO – A inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, a chamada inflação de baixa renda, que é medida pelo IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1), fechou 2016 com uma taxa de 6,22%. É um percentual inferior à inflação de 2015 (11,52%), segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas.
O IPC-C1 ficou, no entanto, acima dos 6,18% registrados pelo IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor - Brasil), que mede a inflação para todas as faixas de renda.
Entre os grupos de despesas analisados pelo IPC-C1, as maiores taxas de inflação de 2016 vieram de despesas diversas (11,21%), saúde e cuidados pessoais (9,73%) e educação, leitura e recreação (8,88%). Os alimentos tiveram inflação de 7,1% , e os transportes, 7,8%.
As menores taxas foram observadas em habitação (2,9%), comunicação (3,1%) e vestuário (3,59%).
Em dezembro
Em dezembro, a inflação de baixa renda registrou alta de 0,19% frente a um aumento de 0,06% em novembro. Os alimentos voltaram a pressionar e o grupo alimentação saiu de queda de 0,36% em novembro para alta de 0,26% no último mês do ano.