Investimento privado em Minas Gerais caiu 22% até junho

Bruno Porto - Hoje em Dia
Publicado em 18/07/2014 às 08:00.Atualizado em 18/11/2021 às 03:25.
 (Carlos Rhienck)
(Carlos Rhienck)

A política de juros altos do governo Federal mira a redução do consumo para combater a trajetória de alta da inflação. A medida, porém, tem impacto direto na disposição das empresas de realizar investimentos. Em Minas Gerais, no primeiro semestre do ano, o volume de aportes formalizados junto ao governo estadual por meio da assinatura de protocolos de intenção recuou 22%, saindo de R$ 9,830 bilhões, em igual intervalo de 2013, para R$ 7,676 bilhões.

Foram R$ 2,154 bilhões a menos, o que impactou também a geração de empregos prevista com os investimentos privados. No ano passado, de janeiro a junho, a previsão era de abertura de 14.140 vagas de emprego em 51 projetos formalizados. No mesmo intervalo deste ano, apesar de o número de projetos ser maior (76), os postos de trabalho abertos terão recuo de 41%, chegando a 8.331.

O dados são do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG).

O presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, observa que esse movimento é percebido nacionalmente e é preocupante. “A mudança no regime econômico, com uma política de juros altos, é recessiva e inibidora de investimentos”, disse.
Para ele, esse cenário tende a se manter no longo prazo e com impactos negativos importantes. “Isso pode ter efeito na inflação. Se as indústrias deixam de investir, aos poucos haverá redução de oferta, o que impacta na inflação”, afirmou.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 11% ao ano.

O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Flavius Vasconcelos, também elegeu os juros altos como o motivo da perda de força de Minas Gerais na atração de investimentos. “Embora a alta dos juros tenha impacto no consumo, ela atinge, sobretudo, o investimento. O crédito mais caro inibe o aporte em ampliação de capacidade das indústrias ou mesmo novas unidades industriais”, disse.

Por outro lado, Vasconcelos avalia que internamente o governo de Minas tem ferramentas para mudar o cenário. “O governo pode, por exemplo, reduzir as alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que o empresariado certamente enxergará nisso uma boa oportunidade”, disse.

Vasconcelos também considera que o arrefecimento do investimento privado seja um fenômeno nacional, mas vê, no perfil da economia mineira, um complicador diante do cenário atual. “O setor automotivo e a mineração devem sofrer um impacto maior com juros altos e investir menos por condições do ambiente econômico. Na indústria automotiva o caso é mais sério, não vislumbro uma retomada de consumo no curto prazo. Já a mineração anda muito dependente da China, de onde se espera um crescimento mais moderado e uma produção industrial menor”, disse.
 

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