RIO DE JANEIRO - A Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da tradicional joalheria de alto padrão Natan, fundada em 1956 e cujas criações foram usadas por famosos como Lily Marinho.
Em crise desde 2006, a empresa estava em recuperação judicial desde junho de 2012, por não conseguir pagar uma dívida estimada, na época, em R$ 15 milhões.
Na sentença proferida ontem, o juiz Fernando Viana, da 7º Vara Empresarial, diz que "o estado precário da contabilidade da sociedade, a falta de pagamento aos funcionários e impossibilidade de contato" com diretores para obter "informações" e "esclarecimentos de diversos pontos do plano de recuperação judicial apresentado" levaram à decisão pela falência. "O mau gerenciamento dos negócios sepultou por vez a possibilidade da recuperação", escreve o juiz.
A joalheria chegou a obter liminar da Justiça para que bancos credores não retivessem recursos que ela tinha a receber, como de compras parceladas no cartão de crédito, afim de não asfixiar ainda mais suas finanças.
Segundo a decisão judicial, "a última tentativa de se obter sucesso" na recuperação, a substituição do gestor Natan Kimelblat, fundador da empresa, por um gestor judicial para gerenciar o negócio e buscar novos investidores "não produziu resultado prático".
Isso porque, diz a sentença, houve "omissão de informações e paralisação das atividades", com fechamento de lojas e demissão de funcionários -o que reduz o interesse de eventuais investidores. Além das dívidas bancárias, a companhia acumulava dívidas trabalhistas. "Sendo certo seu estado de insolvência (...), não resta alternativa senão o pedido em falência", relata o juiz na decisão.
Lojas lacradas
A sentença determinou a lacração das lojas, o levantamento de bens e peças em estoque e a venda da marca para levantar recursos para pagar credores. O funcionários tem prioridade.
Inaugurada em 1956, Kimelblat, que usou seu primeiro nome para batizar a empresa, é um imigrante polonês de origem judaica.
Começou a vida vendendo bolsas de porta em porta até descobrir o mercado de joias. No auge, a Natan chegou a ter mais de dez lojas pelo país. Na época do pedido de recuperação, eram seis endereços.
Procurados, os advogados da empresa não foram localizados.