Mais construtoras brasileiras devem ser rebaixadas, diz agência Fitch

Folha Press
09/01/2015 às 17:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:37

(Renato Cobucci)

Mais construtoras brasileiras devem dar calote em compromissos financeiros e ter suas notas rebaixadas nos próximos meses, afirmou nesta sexta-feira (9) a agência internacional de classificação de risco Fitch.    A agência destacou que tem ficado cada vez mais difícil às empresas do setor ter acesso a linhas de crédito e receber pagamentos por projetos executados. A Fitch disse ainda que a decisão da construtora OAS de não pagar obrigações financeiras na semana passada apesar de ter um caixa estimado em R$ 1 bilhão abriu um precedente ruim para as companhias de engenharia e construção do Brasil".    A Fitch ressaltou que todas as construtoras brasileiras tiveram suas notas colocadas em perspectiva negativa em novembro do ano passado.    OAS    Recentemente, a construtora OAS, investigada na operação Lava Jato da Polícia Federal, sofreu uma série de rebaixamentos por agências de classificação de risco. Na última quinta-feira (8), a S&P -que já tinha feito um corte da nota da empresa no último dia 5 -rebaixou a avaliação da empresa para D, que reflete alta probabilidade de "default" (calote).    Na quarta-feira (7) foi a vez de a Fitch -que também já rebaixara a nota da OAS no dia 2- cortar a nota da empresa também para nível "D".    A Moody's, outra agência de classificação de risco, também rebaixou notas da OAS no último dia 5, acompanhando seus pares internacionais.    HISTÓRICO    Com dois calotes seguidos em apenas três dias, a empreiteira OAS já deixou de pagar R$ 117,8 milhões a investidores no Brasil e no exterior. A empresa entrou numa grave crise financeira depois que seu crédito secou por causa da Operação Lava Jato.    Na última segunda-feira (5), a OAS não pagou R$ 101,8 milhões em debêntures (títulos de dívida) que venceriam apenas em 2016, mas foram antecipadas por causa da crise da empresa.    Outros R$ 16 milhões em juros de papéis no exterior já não tinham sido honrados na sexta (2). A empreiteira tem mais obrigações vencendo no final deste mês e em abril.    A reportagem apurou que a estratégia da empresa é não pagar bancos e investidores e preservar seu caixa para garantir o andamento de suas obras. A ideia é fazer isso enquanto tenta vender seus ativos para pagar dívidas.    Após os calotes, três agências de classificação de risco já rebaixaram a empresa (Fitch, S&P e Moody's).    Os bônus da OAS no exterior, que já vinham sendo negociados com descontos característicos de empresas em "default", viraram pó e estavam cotados por apenas 10% do seu valor na segunda.    Por meio de nota, a empresa informou que "ambas as suspensões de pagamentos estão em linha com o anunciado plano de reestruturação de dívidas que será levado aos credores".    Como a Folha de S.Paulo antecipou em dezembro, a OAS contratou assessores para preparar um plano de renegociação de sua dívida de R$ 7,9 bilhões com credores. Metade dessa dívida está nas mãos de investidores estrangeiros. No Brasil, o maior credor é Bradesco, com R$ 900 milhões.    O plano, que deve ser apresentado nos próximos dias, está sendo preparado pela G5 Evercore, na área financeira, e pelos escritórios Mattos Filho e White & Case, no campo jurídico.    "LAVA JATO"    Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo.    Na semana passada, a Petrobras anunciou que não vai permitir a participação das 23 empresas investigadas na Lava Jato em novos projetos.    Com o presidente José Adelmário Pinheiro Filho e os principais diretores na cadeia desde novembro, o dono da OAS, César Mata Pires, nomeou novos executivos.    Elmar Varjão assumiu a presidência da OAS Engenharia e Fábio Yonamine a presidência da OAS Investimentos. O grupo, que surgiu na Bahia, tem a terceira maior construtora do país.

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