Mantega atribui pressão cambial a ajuste de Treasuries

Francisco Carlos de Assis e Ricardo Leopoldo
19/08/2013 às 22:39.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:07

O movimento cambial no Brasil nesta segunda-feira, 19, foi provocado pelos Estados Unidos, com o ajuste de posições que levou os títulos da dívida de dez anos do Tesouro dos EUA (chamados Treasuries) a alcançar o patamar de quase 3%. A avaliação foi feita a jornalistas nesta noite pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele ressaltou que, neste pregão, o mercado esteve sob efeito de estresse, mas a situação dos ativos financeiros do País, especialmente o dólar, está sob controle.

No exterior, os juros dos papéis do Tesouro dos EUA de 10 anos chegaram a bater 2,9%, mas recuaram no fim do dia para 2,88%. Internamente, o dólar terminou a R$ 2,414 - maior cotação de fechamento desde 2 de março de 2009 -, apesar de atuações do Banco Central.

Mantega citou que o País tem pleno recebimento de Investimento Estrangeiro Direto e que possui US$ 370 bilhões em reservas. "A situação está sob controle. Estamos fazendo leilões para recompra de títulos a fim de atender necessidades dos compradores", afirmou.

O ministro aproveitou os comentários para fazer um alerta aos investidores que apostam que o real vai apenas se depreciar de agora em diante. "O câmbio no Brasil é flutuante, e é flutuante para os dois lados. Quem está ganhando hoje pode perder amanhã", afirmou. "É preciso tomar cuidado para não se entusiasmar ao falar que esse câmbio vai muito longe."

Perguntado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, se o movimento cambial neste pregão teve caráter especulativo, Mantega respondeu "em parte". "Esse é um movimento de ajustamento, mas também com componentes especulativos. Tem um pouco de especulação e de mudança de posição nos rendimentos do Tesouro norte-americano", afirmou. Segundo o ministro, a volatilidade vai diminuir.

Política fiscal

Antes de evento em São Paulo, Mantega declarou ainda que entre as posições do governo está a de reforçar a política fiscal, caminhando para um "fiscal sólido". Segundo ele, isso será feito de forma a não induzir interpretações de que o governo utiliza "artimanhas". O comentário foi uma referência às críticas do mercado de que o governo usa "contabilidade criativa" para fechar suas contas.

O ministro afirmou ainda que a meta de superávit primário do governo central está sendo cumprida e que resta aos governos estaduais e municipais fazerem sua parte. "No resultado primário do mês passado, Estados e municípios já contribuíram. Se eles continuarem a contribuir, fecharemos a meta de superávit primário este ano", estimou.
http://www.estadao.com.br

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