Médicos ameaçam retomar boicote aos planos em 30 dias

Jeanette Santos - Do Hoje em Dia
20/10/2012 às 08:56.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:23
 (André Brant)

(André Brant)

Os médicos de Minas Gerais decidiram na sexta-feira (19) retomar os atendimentos das consultas realizadas por meio dos planos de saúde. Eles aguardarão por 30 dias o resultado das negociações com as operadoras sobre reajuste dos honorários. Caso os percentuais reivindicados não sejam atendidos, a categoria ameaça nova paralisação. Em Belo Horizonte, o movimento durou sete dias. Médicos de outros 16 estados também pararam os atendimentos e, em alguns deles, o movimento continua.

Apesar do retorno, os usuários de planos de saúde, que em BH somam 1,28 milhão de pessoas e superam em 25% o número de dependentes da rede pública, enfrentarão filas e dificuldades no agendamento de consultas nas próximas semanas.

Isso porque, de acordo com estima das entidades que representam os médicos, cerca de 105 mil consultas deixaram de ser realizadas, sobrecarregando o sistema.

Adesão

“Em Minas, nos consultórios, a adesão foi de 70%. Em alguns hospitais e municípios, esse índice chegou a 100%”, avaliou o presidente do Conselho Regional de Medicina, João Batista Gomes Soares. Ele disse que nenhum paciente em estado grave ou em caso de emergência deixou de ser assistido por causa do protesto.

Em assembleia geral, os médicos de Belo Horizonte decidiram retornar o atendimento e reavaliar a situação daqui a 30 dias, na expectativa de que as negociações com a Agência Nacional de Saúde Suplementar, que representa 15 grupos de operadoras de saúde, e com a União Nacional de Autogestão em Saúde (Unidas), cheguem a um acordo.
Os médicos reclamam uma defasagem de 42% na tabela de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que serve de referência para a cobrança de honorários.

Defasagem

Enquanto os reajustes autorizados para os planos acumularam, nos últimos onze anos, 150,89%, a tabela estagnou o valor da consulta em valores que variam de R$ 25 a R$ 45. “A consulta deveria ser remunerada no valor mínimo de R$ 80”, destacou João Soares.
“A discrepância entre o lucro do setor e a qualidade do serviço que os planos oferecem é enorme”, disse Luis Edmundo Noronha Teixeira, presidente da Federação Nacional das Coooperativas Médicas.

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