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As novas tarifas das hidrelétricas que têm contratos de concessão a vencer e poderão ser renovados causarão impacto negativo no caixa das empresas acima do esperado, apontam os analistas de mercado. Para o setor elétrico como um todo, os cálculos da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape) indicam uma redução média de 70% nas receitas. No caso da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que tem tarifa média próxima de R$ 90, o valor recebido deve ficar em torno de 10% disso, projetam analistas.
Esse é o caso da usina de Três Marias, que vai receber R$ 6,68 por megawatt-hora (MWh), e da Poquim, que produzirá o MWh por R$ 28,67. A estatal mineira, que tem contratos de 18 usinas em processo de renovação, deve ir ao mercado adquirir novos ativos e não renovar algumas dessas concessões. Procurada, a concessionária preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Para o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, cada empresa fará seus cálculos para saber se tem condições de renovar a concessão com os novos valores. “Para a Cemig, que é dinâmica e tem um caixa forte, e ainda com recursos a receber do governo de Minas, a opção poderá ser de ir ao mercado comprar ativos para substituir concessões que não renovará”, diz.
Novos ativos
O diretor do Instituto Ilumina Roberto Pereira D’Araújo dá como certa a busca da Cemig por ativos no mercado. “Somente empresas estatais federais, como a Eletrobras, não reclamam e correm sério risco de apresentarem resultados financeiros negativos. No caso da Cemig, é claro que irá ao mercado. A empresa não pretende alterar sua gestão voltada à remuneração dos acionistas e, para isso, precisa de receita”, afirma.
O rigor do governo na revisão das tarifas visa a evitar questionamentos do Tribunal de Contas da União e da Procuradoria Geral da União, observa o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da UFRJ, Nivalde Castro. “Por isso, (o governo) fez um cálculo técnico e criterioso, e deixou para o Congresso a avaliação de casos específicos.á, eles podem conceder benefícios sem que TCU e PGU questionem”, diz.