O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmou nesta quinta-feira que o regime de metas de inflação tem sido uma estratégia de política monetária de êxito. Segundo ele, o regime permite que o País tenha flexibilidade para enfrentar momentos de incerteza internacional, como o atual. Holland destacou que, desde 2005, o IPCA vem se comportando dentro dos intervalos anunciados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"Nesse período de tempo, não só a inflação vem se mantendo muito bem comportada no País, como a variabilidade das taxas de inflação também vem caindo", disse, em conferência feita por telefone, com jornalistas, em Brasília. "É compromisso do governo federal manter a inflação sob controle, dentro do anunciado pelo CMN, e procurar reduzir continuadamente a variabilidade dessa taxa, e isso vem acontecendo."
Holland afirmou que o cenário internacional de incertezas vem se prolongando, diferentemente do que ocorreu na crise de 2008. "Nesse momento, o processo de incerteza vem se apresentando com o prolongamento das dificuldades das economias, de forma lenta e gradual", disse. O Brasil, por outro lado, tem apresentado uma capacidade de redução da inflação de forma muito acelerada, reiterou o secretário.
O secretário disse ainda que, aliado a isso, a taxa de juros tem caído e melhorado as condições de financiamento, e as taxas de câmbio estão mais competitivas. "Isso nos faz acreditar que teremos taxas de crescimento vigorosas nos próximos meses", afirmou. Segundo Holland, foi devido à perspectiva de recuperação vigorosa da economia brasileira e à incerteza internacional que o governo decidiu manter a meta de inflação para 2014 em 4,5%, podendo ter uma variação de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima.
Ele explicou que a expectativa de crescimento é considerada vigorosa porque será maior a cada trimestre. "Acreditamos que, a cada trimestre, o PIB será maior", disse.
Segundo o secretário, o Brasil terá um crescimento econômico este ano maior do que os 2,7% registrados em 2011. Ele destacou a série de medidas que estão sendo tomadas pelo governo para estimular a atividade econômica, como redução dos juros, melhoria nas condições de financiamento, redução das taxas do BNDES e o lançamento do PAC Equipamentos. Segundo o secretário, essas medidas levam um tempo para fazer efeito sobre a economia.
"O importante é que o governo vem tomando ações importantes para o crescimento. A economia estará rodando entre 4,5% e 5% no final do ano. Mas não temos mais uma previsão precisa para o ano", afirmou. Segundo ele, o Ministério da Fazenda aguardará outros elementos macroeconômicos para fixar uma nova previsão.
Meta não foi fixada para garantir crescimento -De acordo com Holland, a meta de inflação fixada para 2014 não tem como motivação o estímulo à economia. "A meta de inflação não foi fixada para garantir crescimento. É a mais factível para a economia brasileira", afirmou.
Segundo Holland, a meta permite absorver os choques internacionais e manter os resultados fiscais. O secretário disse que a redução da inflação no Brasil está relacionada ao cenário mundial mais benigno, como a redução dos preços das commodities.
Ele afirmou que as projeções de inflação no Brasil estão mais relacionadas às expectativas do que aos fatos do passado. "As expectativas inflacionárias não são construídas pelo mero anunciado de meta, mas por analistas, pelo mercado, com a visão de que pressão de custo não ocorrerá mais à frente. E isto está ocorrendo", afirmou.
Ele acredita que os analistas irão incorporar, a cada mês, novas expectativas de redução de pressões sobre a inflação. "Choque de ofertas não está no nosso cenário próximo", disse. Holland acrescentou que o Brasil não considera adequado neste momento uma meta de inflação menor. Ele destacou que muitos países com meta de inflação mais baixa estão extrapolando a meta.
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