Minas amplia exportações, mas peso dos manufaturados na pauta empobrece

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
Publicado em 13/06/2013 às 06:46.Atualizado em 20/11/2021 às 19:05.

Embora as exportações mineiras tenham aumentado de US$ 24,4 bilhões para US$ 33,4 bilhões entre 2008 e 2012, a participação dos produtos de maior valor agregado nos embarques do Estado seguiu na direção contrária. No mesmo período, o peso dos manufaturados na pauta exportadora de Minas Gerais passou de 27,7% para 17%, enquanto os itens básicos e semimanufaturados foram de 72,3% para 82,8% do total.

Os números constam do Panorama do Comércio Exterior de Minas Gerais, que teve a edição 2013 lançada na última quarta-feira (12) pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede).

Entre os produtos básicos e semimanufaturados embarcados estão os minérios metalúrgi-cos, com embarques de US$ 14,5 bilhões, produtos metalúrgicos (US$ 5,2 bilhões) e café e derivados (US$ 3,7 bilhões). Nos manufaturados, o destaque fica por conta do material de transporte, representado principalmente por automóveis, com valor de US$ 1,6 bilhão.

“Voltar as exportações para produtos básicos é um retrocesso na economia”, analisa o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana.

Segundo ele, quando o país embarca matéria-prima, as importações são voltadas a produtos acabados, mais caros do que os primários devido aos altos investimentos em tecnologia, mão de obra especializada e conhecimento.

A defasagem tecnoló-gica e de mão de obra, aliás, é um dos problemas enfrentados pelas nações que enfatizam a exportação de produtos não acabados. Conforme analisa o economista da FGV, quando a economia é voltada a produtos primários, há a premissa de que os investimentos em processos e pessoas devem ser menores. E, consequentemente, há redução da competitividade e da produtividade.

“Basta ver o caso do tomate, cujo preço foi às alturas há pouco tempo devido às chuvas. Se tivéssemos a tecnologia adequada, as perdas não seriam tão altas”, afirmou. Outro exemplo citado por Dana são os trabalhadores das minas. Normalmente, esses empregados, que são muitos, não possuem especialização técnica.

“Minas Gerais está fortemente pautada em produtos primários devido ao café e ao minério. Não gosto de interpretar o aumento das exportações desses produtos como negativa. Pelo contrário”, contrapõe o professor de economia do Ibmec, Marcus Renato Silva Xavier.

Apesar disso, ele afirma que um cenário de desindustrialização pode ser desencadeado pela baixa produção de manufaturados.

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