Minas perde mercado com a crise político-econômica na Argentina

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
04/03/2014 às 08:21.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:25
 (Fiat)

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A crise político-econômica da Argentina e as medidas protecionistas do governo de Cristina Kirchner já afetam a indústria brasileira e mineira. Setores como veículos, calçados e tecidos, principalmente, amargam queda nas vendas para os hermanos. Informações do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que as transações comerciais entre o Estado e o país vizinho recuaram no primeiro mês do ano. O valor das exportações encolheu 14,5% em relação a janeiro de 2013, caindo de US$ 217,4 milhões para US$ 186,1 milhões. Nacionalmente, a retração foi de 13,7%.

“Por enquanto, em Minas, o setor mais atingido é o automotivo. Em menor escala, também sofreram impactos têxtil e calçados. Mas diante do risco de recessão, desarranjo financeiro e aprofundamento da crise na Argentina, a tendência é que o problema se generalize. O país adotou um caminho errado. Impôs barreiras e dificulta pagamentos. Assim, indústrias brasileiras e de Minas que ainda fornecem para lá começam a questionar se a venda vale a pena”, afirma o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Lincoln Gonçalves Fernandes.

Para a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), a crise do comércio bilateral com a Argentina está longe do fim. Conforme mais recente levantamento da entidade, pedidos de mais de 410 mil pares de calçados foram cancelados devido ao insucesso na liberação através das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação. O setor deixou de faturar US$ 6 milhões.

O presidente-executivo da entidade calçadista, Heitor Klein, ressalta que a crise se agravou nos últimos meses. “Infelizmente, a nova equipe econômica do governo argentino continua ‘trancando’ os nossos produtos. Existe um recrudescimento do protecionismo quanto às importações de produtos brasileiros, o que tem afetado nossos embarques de forma severa”, lamentou. Segundo Klein, mais de 418,5 mil pares seguem aguardando a liberação dos documentos para entrar em solo argentino. Caso isso não ocorra, a perda será de mais US$ 9 milhões, somando um total de US$ 15 milhões em negócios perdidos.

O polo calçadista de Nova Serrana, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, é um exemplo do impacto negativo causado pelas barreiras que o calçado ‘made in Brasil’ encontra no país vizinho. Em 2005, no melhor momento das vendas para os argentinos, as empresas do município mandavam para lá 1 milhão de pares de calçados. Hoje, os embarques são quase que simbólicos. “Até 2012, 50% das nossas exportações eram para a Argentina. De lá pra cá, a coisa só piorou, se aproximando do zero”, afirma o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana, Pedro Gomes Silva.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de Minas Gerais, Fabiano Nogueira, diz que já faz algum tempo que há redução grande dos volumes exportados para a Argentina. Mas o recente aumento da burocracia e a crise cambial agravaram o quadro. “A verdade é que, diante das dificuldades, o setor têxtil tem exportado muito pouco pra lá”, relata.

Abimaq busca outros mercados

A crise cambial pela qual passa o país vizinho deve derrubar em 30% o volume de vendas de máquinas brasileiras para a Argentina em 2014. Segundo o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, os hermanos representam US$ 1 bilhão em exportações para a Abimaq.

A queda de 30%, portanto, é significativa. Porém, segundo ele, não será decisiva para o setor e poderá ser compensada por exportações para outros países que mostrem uma recuperação econômica neste ano. 

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