Após inúmeros atrasos motivados por alterações no processo de licenciamento ambiental e morosidade dos órgãos reguladores, a mineradora australiana Crusader espera receber em até três meses a licença de operação que permitirá um salto na produção de minério de ferro de 300 mil toneladas anuais para 1,5 milhão. Há cerca de três anos, a companhia, de capital aberto, entrou com o requerimento de licença.
A mina de Posse está localizada em Caeté, a 30 quilômetros de Belo Horizonte, e é o único empreendimento em operação da companhia no Brasil.
O diretor operacional da empresa, Michael Schmulian, confirmou que a recente campanha de sondagens da área da mina detectou a existência de minério de ferro de alto teor, inclusive de hematita, minério mais rico que o itabirito, e cada vez mais escasso em Minas Gerais.
Segundo ele, os teores de ferro no minério apurados nas sondagens para o caso da hematita é de 65% e para os itabiritos, 43,5%. Do total dos recursos minerais inferidos, de 36 milhões de toneladas, 30% são de hematitas e o restante de itabiritos. A intenção da empresa é comercializar o insumo siderúrgico no mercado brasileiro.
A Crusader investiu cerca de R$ 14 milhões para atingir hoje uma capacidade de produção de 800 mil toneladas ao ano. No entanto, ainda não possui licença ambiental para operar neste ritmo.
“O investimento já foi realizado, podemos investir mais um pouco para realizar ajustes, mas nada de muito significativo. A licença para aumento de produção é importante porque esse é o nosso único projeto em operação e suas receitas são suficientes apenas para manter o negócio”, disse Schmulian.
Licenças
Em julho de 2010, a empresa teve sua autorização de funcionamento suspensa – como outras várias mineradoras que operavam por meio de Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF). Este modelo de licenciamento foi suspenso pelo governo estadual para novos empreendimentos de minério de ferro após série de reportagens do Hoje em Dia revelar que se tratava de um “sublicenciamento” que, entre outras irregularidades, não previa estudos de impacto ambiental.
A empresa, ao tentar aumentar a sua produção, teve que passar pelo modelo clássico de licenciamento, com licenças prévia, de instalação e de operação. Antes da obtenção da licença de operação, o governo federal interrompeu a emissão de portarias de lavra enquanto não se aprovasse um novo marco regulatório da mineração, que ainda está em discussão no Congresso. Sem a portaria de lavra, a licença de operação não pode ser emitida.