Mineradoras interditam acesso a pontos turísticos e ameaçam patrimônio histórico

Bruno Porto - Do Hoje em Dia
22/01/2013 às 07:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:51
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

“Temos cachoeiras maravilhosas, trilhas e um paredão, o Pico do Baiano, que é muito conhecido entre os praticantes de rapel por ser um dos mais altos da América Latina. Mas uma parte dos atrativos está em terras de mineradoras e, outra parte, tem o acesso por terras delas. Na prática, só quem já conhece esses lugares continua frequentando, e escondido. Os turistas dependem da benção da empresa”. O testemunho do morador de Catas Altas Carlos Eduardo Hosken revela um dos impactos da atividade mineradora que vai além do visual e que também influencia no turismo ecológico e de aventura.

Catas Altas era uma das últimas cidades de turismo ambiental que resistiam à descaracterização provocada pela chegada de mineradoras.

No centro histórico, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas, reconhecida como Patrimônio Cultural brasileiro em 1939, divide a paisagem com caminhonetes 4 X 4 e ônibus que transportam funcionários da Vale, trazendo para o conjunto arquitetônico o pó de minério das minas.

“O turista que vem fica decepcionado porque não tem muito o que fazer. À cachoeira Vale das Borboletas, um lugar belíssimo, só se pode ir se a empresa deixar. O turismo se limita ao Centro, que já está feio, cheio de caminhões que trafegam sem regras e sujam a cidade de poeira”, afirma a proprietária da Pousada Ecos da Serra, em Catas Altas, Marília Costa de Faria.

Aleijadinho

Congonhas, cidade que abriga os Doze Profetas esculpidos por Aleijadinho no adro da Basílica de Bom Jesus do Matosinhos, também sofre com a descaracterização da paisagem.

O ex-prefeito Anderson Cabido aprovou, no apagar das luzes de seu governo, uma lei que permite pesquisas e abre brecha para a mineração na vertente da Serra de Casa de Pedra que fica de frente para a cidade e faz fundo à obra do mestre barroco.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) minera a parte da Serra que não se pode ver do Centro, mas tem ambição de avançar sobre a montanha, e seus planos ganharam fôlego com a nova legislação municipal.

A Serra é tombada desde 2007 e teve seu limite de tombamento definido na recente lei, que liberou 15% do bem tombado para os interesses minerários.

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