Minério põe Barão de Cocais em 4º no ranking de desenvolvimento

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
10/08/2014 às 08:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:43
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Barão de Cocais - Berço da primeira e única orquestra de viola caipira do mundo, esse pequeno município de 28 mil habitantes, distante 94 quilômetros de Belo Horizonte, vem conquistando indicadores típicos de cidade grande. Segundo o último Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), elaborado pela Fundação João Pinheiro (FJP), Barão de Cocais é a quarta mais desenvolvida de Minas Gerais.

Os principais motores do desenvolvimento são a mineração e a siderurgia, setores que juntos respondem por mais da metade da receita do município. De 2004 a 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade saltou 230%, passando de R$ 303 milhões para R$ 997 milhões. A arrecadação de impostos também registrou um crescimento expressivo, de 95%. Em 2013, a cifra chegou a R$ 91 milhões. Para 2014, a previsão é de R$ 84 milhões.

Segundo o prefeito Armando Verdolim, a queda de R$ 7 milhões na arrecadação prevista para este ano está diretamente relacionada à diminuição da operação na mina de Gongo Soco, da Vale. A produção, que já bateu em 7 milhões de toneladas, encolheu para 1,9 milhão. Uma das consequências é a perda de quase meio milhão de reais só com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). A maior parte do dinheiro, de acordo com Verdolim, é investida em saúde, infraestrutura e educação.

Diante da proximidade do esgotamento de Gongo Soco, a Vale informou que atualmente trabalha para expandir a vida útil da mina. Além disso, a empresa está em fase de licenciamento da expansão oeste da mina de Brucutu, cuja lavra aponta para a direção de Barão de Cocais. Paralelamente, a Vale avalia a possibilidade de arrendar o ativo de nome Dois Irmãos. O projeto está em fase de estudos ambientais.

Para diminuir a dependência da mineração, o prefeito diz que planeja a instalação de um distrito industrial em uma área de 280 mil metros quadrados, ao lado do centro de distribuição da Vale. “O projeto executivo está pronto. Já solicitamos aos órgãos responsáveis as licenças prévias e de instalação. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) está nos dando assistência. O objetivo é diversificar a economia”, afirma.

A Fiemg já é grande parceria de Barão de Cocais, onde mantém há oito anos uma unidade do Senai. Hoje, são 800 alunos, divididos em quatro modalidades: mecânica, eletroeletrônica, segurança do trabalho e metalurgia. Também há cursos de aprendizagem industrial e qualificação profissional. Segundo o supervisor Marcos Vinícius Rocco, aproximadamente 40% dos estudantes conseguem uma vaga em grandes empresas como Vale e Gerdau, além da Anglo, na vizinha Santa Bárbara.

“Na minha época de estudante, quem queria fazer um curso técnico tinha que ir para João Monlevade. Mas a cidade melhorou muito de lá pra cá. Já morei no Vale do Aço, em Ouro Preto, no Pará. Hoje sei que meu lugar é aqui”, diz o supervisor do Senai.

Em Barão, é comum ter um familiar que ganhe a vida na mineração ou na siderurgia. Aluno de aprendizagem em mecânica industrial, Ruan Braga, 17, quer seguir os passos do pai, soldador, e ir além. “Esse curso vai me ajudar no futuro. Quero fazer faculdade de engenharia mecânica”, diz. Colega de turma, Jaqueline de Souza quer conquistar seu espaço em um meio ainda dominado por homens. “É uma área requisitada, que oferece oportunidades”, diz.
 
Orquestra de viola caipira forma cem alunos por ano
 
A primeira e única orquestra de viola caipira do mundo, a Jovens Luthier’s, foi formada em Barão de Cocais. Idealizado pelo luthier – profissional que fabrica instrumentos musicais de corda – Pedro Alexandrino, o projeto, patrocinado pela Vale , Gerdau e Cenibra, com apoio da prefeitura, forma quase 100 alunos por ano.

São meninas e meninas, a maioria de famílias carentes do município, que aprendem a arte de construir e tocar viola. No repertório, clássicos de Villas Lobos, Pena Branca e Xavantinho, Tonico e Tinoco, Almir Sater, Rolando Boldrin, Sérgio Reais e Jair Rodrigues.

“Para 99% dos alunos, o projeto possibilita o primeiro contato com um instrumento musical. É uma arte que abre um leque de oportunidades. Além de luthieria e música, eles aprendem noções de mecânica, empreendedorismo, coordenação motora e matemática”, diz Pedro Alexandrino.

“Também é um ótimo exercício de autoestima”, completa. E há motivos de sobra pra isso. A orquestra já se apresentou para públicos com mais de mil pessoas. Não foram poucas as vezes em que o grupo foi aplaudido de pé, como aconteceu em uma apresentação no Automóvel Clube de Belo Horizonte. O sucesso já possibilitou a gravação de um CD. E um cachê de R$ 800, em média, no ano, para cada um dos alunos.

“Até chegar aqui só tinha tocado boi e galinha. Agora tiro meu sustento da viola”, conta Giovani Valentim, que deixou o trabalho na ordenha de vacas, onde ganhava R$ 150 mensais, para trabalhar como músico.

Ezequiel Silva Oliveira já nem sente mais aquele frio na barriga do início. “O melhor é a integração com a plateia”, diz.

Orgulhoso, o professor Alexandrino afirma que os meninos são tão afinados que até uma dupla de sucesso já foi formada. Alex (Alexandre Almeida) e Maxsuel (Ferreira) são constantemente chamados para shows e festas em cidades do interior. “Investimos o cachê em som e microfone. A outra parte economizamos. Queremos ser famosos”, diz Alex.
 

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