Investidoras vigorosas

Mulheres são quase metade dos brasileiros que se arriscam a empreender

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/11/2022 às 07:30.
A nutricionista Arianne Maia e a psicóloga Tania Mara enfrentaram o medo de expandir a clínica, mas não desistiram e hoje celebram a conquista do mercado (Reprodução Redes Sociais)

A nutricionista Arianne Maia e a psicóloga Tania Mara enfrentaram o medo de expandir a clínica, mas não desistiram e hoje celebram a conquista do mercado (Reprodução Redes Sociais)

O lugar das mulheres é empreendendo. Pelo menos é nisso que aposta a Feira do Empreendedor do Sebrae Minas, que começa nesta sexta-feira (25), no Expominas, em Belo Horizonte, e terá um espaço dedicado para elas. O número de mulheres donas de negócios chega a 10 milhões e corresponde a 34% do total de empreendedores no país, segundo pesquisa feita pelo Sebrae com dados do último ano.

Investir no empreendedorismo feminino é mais do que discurso, é uma estratégia de crescimento econômico para o país, conta o consultor do Sebrae Minas, Junio Enes, responsável pela montagem do espaço às empreendedoras na feira. 

“O Brasil é o sétimo país com a maior quantidade de empreendedoras no mundo. Mas este número ainda pode crescer e, de acordo com estudos do Sebrae, a expectativa é a de que o investimento na economia pode trazer um incremento de até 30% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil”, informa.

Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, mostram que a quantidade de mulheres entre os empreendedores brasileiros se manteve estável nos últimos anos.

Elas são 46% dos brasileiros que se jogam no desafio de abrir a própria empresa. Contudo, de acordo com Junio, ainda têm de enfrentar obstáculos próprios das mulheres. 

“Um exemplo é o acesso ao crédito. Das empreendedoras que solicitaram crédito às instituições financeiras, 42% foram negadas. Acreditamos que com mais qualificação, mais números e clareza do seu negócio, com treinamentos e informação, este quadro pode mudar”, diz.

Informação, disciplina e criatividade fizeram o caminho escolhido pela nutricionista Arianne Maia, que tem seu consultório no centro de Contagem, região metropolitana da capital. “A gente começou atendendo a demanda de amigos e família e percebemos que era hora de crescer. Nesse momento, é o mais difícil. Enfrentar o medo. No começo tivemos problemas com fornecedores que tinham preconceito mesmo, por sermos mulheres, mas hoje conquistamos o nosso espaço”, conta.

Família e trabalho
Conciliar o empreendedorismo com a família é o grande desafio enfrentado pelas mulheres: 53% das empreendedoras têm filhos. Para Arianne, a solução encontrada foi disciplina e organização. Mas, de acordo com o consultor do Sebrae Junio Enes, nem todas conseguem sucesso nessa jornada. 

De acordo com a instituição, 49% das empreendedoras são chefes de família e muitas acabam dedicando menos tempo às empresas do que os homens – em média, 17% a menos – e a maioria dedica, por semana, cerca de 10,5 horas a mais aos serviços de casa do que os empreendedores homens. 

Entre as mulheres, 82% ingressam no empreendedorismo por necessidade e não por oportunidade. Mostrar para as mulheres que empreender é mais que uma necessidade é o desafio que precisa ser enfrentado. 

“As mulheres empreendem em casa, para conciliar o empreendedorismo com os cuidados da família, com um tempo menor. Aí a gente entra para mostrar o caminho. É uma necessidade, mas elas têm que se preparar e identificar no mercado oportunidades que tragam lucros para elas no final do mês”, destaca Junio Enes.

Entre as mulheres, 12% empreendem no setor de serviços domésticos; 11% como cabeleireiras e beleza e 10% em serviços de alimentação fora de casa. Na opinião do Sebrae, um tipo de ocupação que resulta em negócios mais vulneráveis e com menor valor agregado. “O faturamento das mulheres é 22% menor que o faturamento dos homens”, destaca o consultor.

Longo prazo
Desafios que acabam levando muitas mulheres a desistir de empreender no primeiro ano. Segundo dados do Sebrae, quando se avaliam os empreendedores iniciais, a quantidade de homens e mulheres é praticamente igual – 23,1% feminino e 23,5% masculino. Porém, enquanto a quantidade de mulheres que se mantêm empreendedoras após o primeiro ano é de 13,4%, entre os homens esse número chega a 18,4%.

“As mulheres empreendedoras, muitas vezes, são a única fonte de renda da família, e muitas não têm estrutura ou rede de apoio. Precisam de um retorno imediato, mas os negócios precisam de um tempo e as mulheres nem sempre podem esperar. Por isso, é preciso apoiar nesta qualificação e na criação de uma rede de apoio, que faz parte da proposta da feira”, destaca Junio.

Durante os três dias da Feira do Empreendedor, haverá oficinas sob medida para as empreendedoras. Entre os assuntos discutidos estão: intraempreendedorismo, gestão de tempo e produtividade, marketing pessoal, liderança, inteligência emocional e gestão financeira. “Temas que elas vão utilizar no dia a dia para melhorar o negócio delas”, destaca Junio.

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