Apesar dos esforços do governo de Minas Gerais para levar telefonia celular a todos os 853 municípios do Estado, a qualidade do serviço naqueles atendidos apenas por uma operadora deixa a desejar. E muito. Como consequência, em 354 municípios, o equivalente a 41,5% das cidades mineiras, prefeituras e empresas arcam com prejuízos, enquanto os habitantes têm dificuldades para se comunicar. A falta de concorrência seria o principal motivo para a baixa qualidade, que gera tanta insatisfação.
Morro do Pilar, no Médio Espinhaço, é uma cidade com pouco mais de 3 mil habitantes atendida apenas pela operadora Oi. Segundo a prefeita, Vilma Diniz, há sete meses ela espera que a companhia se manifeste sobre a elaboração de um plano corporativo para a prefeitura, sem sucesso. “Fizemos o pedido em janeiro e continuamos esperando. Se tudo der certo, em agosto eles vêm. Enquanto isso, pagamos mais caro, pois usamos planos convencionais”, critica a prefeita.
Conforme Vilma, a demora da operadora para resolver qualquer tipo de problema é uma constante, seja quando o sinal falha ou quando há outro tipo de entrave. “É comum a ligação cair de repente e o sinal demorar a voltar”, afirma. Ela cita, ainda, o pequeno alcance das antenas. “Basta chegar à estrada para o telefone parar de funcionar”, comenta.
A expectativa da prefeita é a de que outra companhia comece a atuar no município no curto prazo. Ela já está em negociação com uma operadora e aposta na instalação da mineradora Manabi na cidade para viabilizar a instalação.
A mineradora vai investir R$ 6,25 bilhões em projetos minerários no próximos anos. Parte do montante será aplicado em Morro do Pilar com o objetivo de produzir, em conjunto com Santa Maria de Itabira, na Região Central de Minas Gerais, 31 milhões de toneladas por ano de minério concentrado no Estado. “O município vai abrigar cerca de 6 mil pessoas, fazendo com que a instalação de outra telefônica seja comercialmente viável”, analisa.
Quem também está em negociação com outra operadora para ampliar as opções de atendimento a empresas e moradores é o prefeito de Ubaí, Gerson Mendes Almeida. Localizado na Região Norte de Minas Gerais, o município, com quase 12 mil habitantes, é atendido pela operadora Vivo. “A ligação cai sempre e o sinal falha todos os dias, sem exceção”, diz o prefeito.
Ele acredita que a entrada de outra operadora na cidade possa reduzir os problemas significativamente. Na avaliação do prefeito, falta concorrência para que as operadoras façam um bom trabalho. “A sensação que temos é a de que somos deixados aqui, sem assistência, sem qualidade, de lado mesmo. Afinal, não podemos mudar o prestador do serviço”, comenta.
No município de Amparo da Serra, no Centro-Oeste mineiro, os problemas se repetem. Atendida pela Claro, a cidade de aproximadamente 5 mil habitantes sofre com a dificuldade de fazer ligações. “Além dos habitantes terem problema com a qualidade, quem vem de fora não consegue falar”, diz o prefeito Francisco Paradela.
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