(Renato Cobucci/Arquivo Hoje em Dia)
Embora o nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste do país tenha subido nos últimos dias, saltando de 29,83% da capacidade máxima em 14 de janeiro para 37% anteontem, desligar as térmicas ainda está fora de cogitação.
Na melhor das hipóteses, pelo menos 40% das usinas movidas a óleo diesel, carvão e gás natural, têm que continuar acionadas até o fim do ano para que não haja apagão em 2013, segundo o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria. O percentual equivale a 6 mil megawatts (MW) gerados todo mês.
“Isso, se chover muito mais do que agora”, ressalta. Em janeiro do ano passado, os reservatórios estavam em 76,23%, contra 63,12% no mesmo mês de 2011.
Metereologia
A média histórica de chuva no Triângulo Mineiro em janeiro gira entre 200 e 250 milímetros (mm). No Sul de Minas, onde estão localizados importantes reservatórios, como Furnas, a média fica entre 300 mm e 250 mm, conforme informações do Centro de Climatologia Puc Minas Tempo Clima. No mês passado, ainda de acordo com a instituição, choveu na média. “É necessário chover pelo menos três vezes a média prevista para fevereiro para melhorarmos muito o quadro atual”, diz Faria.
Caso a situação permaneça a mesma, chovendo na média histórica, a expectativa do presidente da Anace é a de que pelo menos 67% das térmicas permaneçam despachando 10 mil MW por mês. Se a chuva estacionar, todos os 15 mil MW das térmicas terão que ser despachados até o fim do ano.
Isso significa que cerca de R$ 800 milhões mensais continuarão pesando no caixa das distribuidoras, sendo repassados às tarifas na época do reajuste anual. O valor é o necessário para despachar energia de todas as usinas termelétricas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “O custo de algumas térmicas chega a R$ 1 por megawatt-hora (MW/h). Outras, custam R$ 200”, comenta Faria.
Além de a chuva ter de cair forte, é necessário chover no lugar certo. Os rios Grande, Paranaíba e Paranapanema deságuam no rio Paraná. Juntos, os quatro são responsáveis por 70% da água necessária para abastecer os reservatórios do país, inclusive de Itaipu.
O Nordeste é responsável por 20%, enquanto o Sul e o Norte, por 5%. “Muito tem sido falado sobre a recuperação dos reservatórios da região Sul. No entanto, essa recuperação não altera o quadro geral”, afirma o consultor do setor energético e diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’Araújo.