
O nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Centro-Oeste e Sudeste ficou levemente acima da última previsão feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) para maio, indicando uma pequena, mas aliviadora melhora. Enquanto a estimativa era de 37,2%, o índice de maio fixou em 37,60%, 0,4 ponto percentual acima do previsto. O ganho é pequeno, mas, para um mês historicamente seco, já é motivo de comemoração.
Apesar da boa notícia, o risco de racionamento ainda não está afastado, e, atualmente, gira em em torno de 40%, muito alto, segundo especialistas. O impacto no preço da conta de luz para o próximo ano também permanece em função do uso a pleno das térmicas, que desde 2012 estão contribuindo para manter a estabilidade do sistema. A expectativa é a de que a queda no nível dos reservatórios reflita uma alta de até 20% para o consumidor, inclusive para os 7,5 milhões de clientes da Cemig.
Preço
A estimativa de alta vale para todas as concessionárias do país e tem como base o alto custo de geração das usinas térmicas. “O custo do combustível destas usinas é maior. Essa diferença será repassada ao consumidor”, afirma o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico para o setor Energético, Roberto D’araújo.
Ele explica que o período chuvoso no Brasil vai de outubro a abril, podendo se estender até maio. Daqui pra frente, portanto, a previsão é de seca. “O risco de racionamento nunca será nulo, pois o sistema nacional é baseado em hidrelétricas. O problema é que o nível continua baixo para essa época do ano”, afirma D’araújo.
Comparação
A título de comparação, o nível dos reservatórios está semelhante ao registrado em janeiro do ano passado. No entanto, janeiro ainda estava no meio do período chuvoso. Em maio de 2013 a água armazenada para gerar energia estava em 62,90% do limite máximo. “É o normal para o período”, afirma D’araújo.
Para ele, a chuva que deve cair nos próximos meses não será suficiente para recuperar os níveis saudáveis. A saída para evitar um racionamento compulsório seria a reduzir a demanda. “Uma campanha de redução do consumo é necessária e urgente”, diz.
O coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, concorda sobre a importância de uma ação do governo para que a população consuma menos energia.
Na avaliação do especialista, no entanto, a questão pode esbarrar na política, deixando a campanha para depois das eleições. “É um momento delicado, que pode adiar esta decisão”, diz.
Energia mais barata no mercado livre
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) fixou o valor do megawatt-hora (MW/h) em R$ 577,65 para os submercados Sudeste e Sul, e em R$ 577,39 para os submercados Nordeste e Norte (mercado livre de energia).
As cifras, que valem para o período de 31 de maio a 6 de junho, são inferiores às registradas na última semana de maio, que fecharam todas em R$ 817,05. A queda no preço é reflexo da expectativa maior de afluência para a primeira semana de junho.
“As afluências previstas para o Sistema Interligado Nacional na 1ª semana de junho estão mais otimistas do que foi presumido, bem como os níveis inicias de armazenamento”, diz nota enviada pela CCEE.