Começou a valer na última quarta-feira (1º) a nova tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IR). Os valores foram corrigidos em 4,5% em relação aos de 2013. Este é o 18º ano seguido em que a tabela do IR é corrigida abaixo da inflação. A defasagem, que chega a 66% no período, faz com que o Leão chegue ao bolso de cada vez mais brasileiros, engolindo parte dos ganhos de renda.
Em dezembro do ano passado, o IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, mostrou que a alta acumulada deve ficar em torno de 5,85% em 2013. À essa discrepância, soma-se ainda o aumento do salário mínimo, também superior à correção da tabela. Em 2014, o mínimo foi elevado para R$ 724, uma alta de 6,78% ante os R$ 678 atuais.
A tendência pode ser observada desde 1996, quando houve o congelamento da tabela do IR, que durou até 2001. Nos anos seguintes, todos os reajustes foram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O resultado disso é o aumento da tributação sobre o assalariado. Em 1996, a isenção do imposto beneficiava quem recebia até 6,55 mínimos, segundo levantamento da consultoria Ernst & Young. Em 2014, ficarão isentos aqueles que ganham até 2,47 mínimos. Assim, brasileiros antes isentos por causa da baixa renda vão paulatinamente ingressando na condição de contribuintes.
Pela nova tabela, passam a ser dispensados do pagamento do imposto os empregados que recebem até R$ 1.787,77. Até o ano passado, o tributo não era cobrado de quem ganhava até R$ 1.710,78. Agora, a alíquota de 7,5% passa a ser aplicada para quem receber entre R$ 1.787,78 e R$ 2.679,29.
Já o desconto de 15% passa a ser aplicado sobre a faixa salarial de R$ 2.679,30 até R$ 3.572,43. A alíquota de 22,5% valerá em 2014 para quem receber entre R$ 3.572,44 e 4.463,81. E a máxima, de 27,5%, vai incidir sobre vencimentos acima de R$ 4.463,81.
Os novos valores de cobrança já serão deduzidos na folha de pagamento em 2014 e valem para a declaração do IR de 2015.
No ano passado, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) lançou uma campanha para obter 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de lei que muda a forma de correção do IR. A ideia é reduzir gradativamente a defasagem em um período de dez anos, a partir de 2015.
A tabela do Imposto de Renda vinha sendo corrigida em 4,5% desde 2007 e a previsão era acabar com o uso do índice em 2010. Entretanto, no início de 2011, por meio da Medida Provisória 528, o governo resolveu aplicar o mesmo percentual até 2014.