Pagando menos juros, governo terá mais recursos para investir

Do Hoje em Dia
02/09/2012 às 07:07.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:57

Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal oferecem nesta segunda-feira (3) aos clientes juros menores do que na última semana, quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a Selic para 7,5% ao ano – a menor taxa básica de juros de nossa história. No Banco do Brasil, a taxa mínima do crédito benefício, para pessoa física, caiu de 2,21% para 2,17%. Ao mês! Uma queda de 0,06 ponto percentual, contra 0,5 da taxa Selic. É quase insignificante, portanto, sua contribuição para melhorar as condições de financiamento no país.

No Itaú, a taxa foi reduzida em 0,04 ponto percentual e no Bradesco em 0,06. A Caixa, como de outras vezes, foi mais ousada. Para pessoas jurídicas, cortou o juro no cartão empresarial em 4,12 ponto percentual (de 6,02% para 1,90% ao mês). Para pessoas físicas, a maior redução foi do crédito aporte auto, de 0,59 ponto percentual, ficando em 1,25%.

Os bancos sempre lucraram muito com seus empréstimos ao governo, que em grande parte são remunerados pela Selic, e continuam lucrando excessivamente ao financiar o setor privado. No ano passado, os cinco maiores bancos, quatro deles citados acima, lucraram um total de R$ 51,8 bilhões. Neste ano, o lucro do Bradesco no primeiro semestre foi o maior de sua história e, o do Itaú, o segundo maior. Ocorre que, apesar das quedas dos juros, eles continuam altos. Conforme os últimos números divulgados pelo Banco Central, em julho as empresas pagaram taxa média de juros de 23,6% ao ano e as pessoas físicas de 36,2%.

A falta de colaboração dos bancos públicos e privados é criticada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. No dia seguinte à última redução da taxa Selic, ele declarou que os bancos ainda cobram taxas de juros inadequadas. O Brasil está longe de alcançar uma situação em que a produção seja privilegiada em relação à aplicação financeira. Com juros mais baixos, a poupança passaria a ser canalizada para a produção.

Nesse aspecto, a política adotada pelo atual governo de enfrentamento ao setor financeiro parece correta. Não há dúvida de que o país precisa aumentar o nível de investimentos, principalmente em infraestrutura, para que volte a crescer no ritmo exigido por suas necessidades. Pagando menos juros, o governo terá mais recursos para investir. O cenário continua ruim. Nos últimos quatro trimestres, o IBGE registrou queda nos investimentos no Brasil. No segundo trimestre deste ano, a retração foi de 0,7%.

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