Para Barclays, BC deve aceitar apreciação do real

Nalu Fernandes
18/10/2012 às 15:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:20

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforça a visão de que o plano de voo da autoridade é manter a taxa Selic em 7,25% ao longo de 2013. O aperto das condições monetárias deve começar em torno da segunda metade de 2013, provavelmente no último trimestre. Dentre os diversos canais de transmissão da política monetária, a apreciação do real deve ser a primeira iniciativa no sentido de aperto das condições. A avaliação foi feita pelo codiretor de Pesquisa Macro e Estratégia para a América Latina no Barclays, Marcelo Salomon, a partir da percepção de que o BC deve aceitar maior apreciação da moeda brasileira para diminuir a pressão inflacionária vinda de fora, dos itens comercializáveis (tradables). A projeção da instituição é que o dólar esteja sendo negociado em R$ 1,90 ao fim de 2013.

O foco do BC hoje está mais em atividade e menos em inflação, cita Salomon, pois assume que o aumento de inflação é temporário e a convergência não é linear. "(O BC) usa a linearidade da convergência para viver em período de maior inflação até que tenha retomada industrial mais sólida". Atualmente, o Banco Central e a Fazenda fazem esforço expressivo para deixar o dólar acima de R$ 2,00 e para sinalizar, na percepção do analista, que, enquanto não houver retomada mais consistente da indústria, o câmbio vai ficar onde está. Isso faz parte, prossegue ele, do contexto das medidas já anunciadas pelo governo.

"No contexto que vivemos hoje de estímulo, deixa-se a taxa de câmbio depreciada. Mais à frente, quando o BC estiver em um momento onde a retomada de atividade é consistente e bem sólida e a indústria estiver mais confortável, ele vai decidir como começa a apertar as condições monetárias no Brasil. E os instrumentos que ele tem são juros, câmbio e macroprudencial, que já usou em dezembro de 2010. A opinião que temos é que, quando começar a apertar as condições monetárias, que (deve) ser na segunda metade do ano que vem, provavelmente no último trimestre, ele não vai fazer isso através de juros", avaliou Salomon. "Vai fazer isso, primeiro, aceitando uma apreciação maior do real para reduzir a pressão inflacionária que vem de fora, tentando diminuir a oferta de crédito através de macroprudencias para, só em 2014, começar a subir juros. Este é o cenário base que temos", disse para a Agência Estado.

A utilização do câmbio como canal de política monetária ocorrerá na medida em que o real se apreciar, fazendo os preços dos bens comercializáveis caírem, abrandando a taxa de inflação doméstica e "ajudando a tirar um pouco do estresse das expectativas inflacionárias". Então, neste período de aperto das condições monetárias, o câmbio ajudaria a ancorar as expectativas inflacionárias, que ficam mais alinhadas à medida que os preços internacionais e de bens comercializáveis colaboram para uma diminuição da inflação.
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