Para especialistas, aeroporto de Confins é "bom negócio"

Tatiana Moraes - Hoje em Dia (*)
21/11/2013 às 07:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:16

(Lucas Prates - 05/12/2012)

O sucesso do leilão de concessão do aeroporto de Confins, que acontece amanhã, a partir das 10 horas, na sede da BMF&Bovespa, em São Paulo, dependerá da aposta dos participantes no futuro do empreendimento, e não nos números atuais de movimento, de acordo com especialistas do setor.

Cinco consórcios entregaram propostas para Confins e Galeão, no Rio de Janeiro, que também será licitado amanhã. OdebrechtTransport, Invepar e Andrade Gutierrez (por meio do consórcio CCR) confirmaram ao Hoje em Dia que entregaram proposta para Confins. O grupo AeroBrasil, cujos integrantes não foram revelados, também teria interesse no aeroporto. Mas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) só confirmará os nomes dos participantes após o pregão.

Para a mestre em engenharia de infraestrutura aeroportuária e professora da Fumec, Ketnes Lopes, as projeções de movimento de passageiros em Confins teriam afastado o risco do fracasso do leilão, como o governo temia no início do processo.

Bom negócio

Atualmente, o aeroporto tem capacidade para 10,4 milhões de passageiros. Segundo a Anac, esse número subirá no próximo ano para 17 milhões, quando terminarem as obras de ampliação do Terminal 1. Ao final da concessão, prevista para 2043, a capacidade total será de 43 milhões. “Confins é um bom negócio quando se olha para o futuro”, diz.

Conforme Ketnes, a posição geográfica de Minas Gerais é estratégica e a expansão do embarque de cargas é outro atrativo de Confins.

O subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), Luiz Antônio Athayde, concorda. Ele afirma que Confins deve ser administrado, também, como um aeroporto industrial, voltado a empresas com expertise em exportação. “Confins tem tudo para atrair empresas de conteúdo tecnológico”, diz.

Segundo Athayde, o governo do Estado entregou a todos os participantes um estudo com projeções para Confins com base no plano de desenvolvimento do Vetor Norte de Belo Horizonte para os próximos 20 anos.

Saídas rápidas

O interesse em Confins é confirmado pelo consultor de um dos consórcios, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, os interessados enxergam o aeroporto como um “hub” para o médio prazo.

“Confins tem capacidade para ser uma porta de saída do Brasil, com voos diretos para diversas partes do mundo”, diz.

Ainda segundo a fonte, os consórcios analisam a possibilidade de ampliar as saídas rápidas da pista de Confins. “Elas (as saídas rápidas) permitem que a aeronave deixe a pista de maneira mais ágil. Assim, o tempo para descida de outra aeronave é menor, ampliando a quantidade de aviões no aeroporto”, adianta. Com mais aviões, o lucro dispara.

Justiça mantém leilão do Galeão

A Justiça Federal do Rio decidiu manter a realização do leilão de concessão do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), marcado para amanhã.

Em decisão publicada ontem, o juiz Raffaele Felice Pirro, da 1ª Vara Federal, negou pedido feito pelo Ministério Público Federal para que o leilão não fosse realizado até que se garantisse no edital de venda a segurança do aeroporto.

Na ação civil pública, o Ministério Público Federal argumentava que o edital não previa a instalação de câmeras de segurança e que as existentes não seriam suficientes para garantir a tranquilidade dos passageiros.

Segundo o MPF-RJ, existem 149 câmeras para monitorar uma área de 19 km. Também não haveria câmeras nas áreas externas e nas pistas.

Riscos

O órgão afirma que a deficiência no circuito interno de imagens facilita arrombamentos de malas e furtos de cabos de energia elétrica.

Segundo o juiz federal, a agência reguladora do setor, Anac, tem competência para adotar medidas ao longo da vigência do contrato com o novo concessionário (25 anos) para aumentar a segurança do aeroporto.

O juiz diz que falta capacidade técnica ao MPF-RJ para julgar prioridades no campo de segurança e afirma que a Anac pode, a qualquer momento, exigir providências dos concessionários.

No leilão de amanhã, vence a empresa que oferecer o maior valor de outorga (permissão para explorar a concessão).

A estimativa é que para fazer as obras necessárias no Rio sejam gastos R$ 4,3 bilhões. Em Confins, será preciso investir R$ 2,7 bilhões.

(*) Com informações da Folhapress

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