A Petrobras elege até a noite deste domingo (03) o único integrante de seu conselho de administração sem relação com o governo. Este será o segundo ano em que funcionários da estatal poderão indicar um representante. Ele ajudará a determinar os rumos da companhia ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e de outros oito conselheiros.
O engenheiro da área de produção e exploração Silvio Sinedino, ligado à associação dos engenheiros da Petrobras (Aepet), tenta a reeleição para um segundo mandato, de um ano. Concorrerá com o técnico de manutenção em plataformas José Maria Rangel, ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A principal bandeira de Sinedino é a luta pela transparência dentro da companhia, que tem os outros nove conselheiros eleitos, direta ou indiretamente, pelo governo. Em dezembro, ele reuniu petroleiros e jornalistas para denunciar a ingerência do governo na companhia.
"Vamos lutar para aumentar a democratização e dar mais transparência ao conselho. Se houver algum absurdo, vamos denunciar e chamar a sociedade ou a própria categoria para lutar contra", afirmou Sinedino, em entrevista à TV Petroleira.
Já Rangel defende a discussão sobre temas como saúde e segurança e que a Petrobras funcione como instrumento de fomento à indústria nacional. O sindicalista acredita que a Petrobras deve investir, por exemplo, no Nordeste e em refinarias.
"A Petrobras precisa buscar a valorização da indústria nacional", disse o candidato, que teve 4.568 votos no primeiro turno, três a mais do que o concorrente. A presidente Graça Foster suspendeu, para revisão, investimentos bilionários em refinarias na região por estarem com preço muito acima dos de mercado.
Rangel também brigará para que funcionários tenham voz no conselho em temas como remuneração, previdência e benefícios. "O mandato que agora se encerra não teve ato que justifique a reeleição", disse Rangel.
A Lei Federal 12.353/2010, que instituiu a participação de empregados nos Conselhos de Administração de empresas públicas e sociedades de economia mista, determina que o representante dos empregados não participará das discussões e deliberações sobre assuntos em que se configure conflito formal de interesses. É o caso de relações sindicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive matérias de previdência complementar e assistenciais.
Sinedino diz que é preciso diferenciar a luta sindical da atividade de representação no conselho. "A luta sindical não terá força dentro do conselho, pois são nove votos contra um", disse. "Temos que lutar pela transparência da Petrobras, pelo futuro da empresa".
A nomeação do novo membro será ratificada pelos acionistas na Assembleia Geral Ordinária prevista para as próximas semanas, quando será apresentado o nome do candidato escolhido pelos empregados da companhia. O conselho tem dez cadeiras. Uma para empregados e sete para o governo (sócio majoritário). Outras duas vagas para acionistas minoritários são hoje ocupadas por indicados de fundos de pensão patrocinados por estatais.
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