Plano de saúde caro e filas longas em Belo Horizonte

Jeanette Santos - Do Hoje em Dia
11/10/2012 às 09:35.
Atualizado em 22/11/2021 às 02:00
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Os planos de saúde de Belo Horizonte contabilizam 1,3 milhão de clientes, 25% a mais do que as 972 mil pessoas que dependem apenas da rede pública, conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM). O aumento da clientela elevou o faturamento do setor, mas o boicote dos médicos conveniados, iniciado na última quarta-feira (10) para pressionar por aumento de honorários, faz o setor de saúde privada começar a se parecer com um serviço público caro e ineficiente.
 

O faturamento das operadoras médico-hospitalares passou de R$ 22 bilhões em 2001 para R$ 82,4 bilhões em 2011, um aumento de 274%, conforme a Agência Nacional de Saúde (ANS). O crescimento contrasta com as dificuldades que os usuários, muitos deles migrantes do sistema público, são obrigados a enfrentar, apesar de terem incluído a despesa no orçamento na expectativa de usufruir de um melhor serviço.


Com consultas desmarcadas e cirurgias eletivas adiadas por causa do boicote, o tempo de espera por atendimento ficou ainda mais longo.


Na última quarta-feira (10), quem tentou marcar consulta, assim que informava à atendente se tratar de convênio, percebeu que a agenda de muitos especialistas ficou ainda mais complicada, obrigando o usuário a aguardar mais tempo para conseguir o atendimento.


“Se fosse particular, com o pagamento de R$ 300, conseguiria marcar na mesma semana. Mas, pelo convênio, a demora chega a dois meses”, afirmou o empresário Marco Aurélio Rezende, que mantém um plano há mais de 20 anos.


Reflexo


O reflexo do boicote, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina, João Batista de Oliveira, só deve começar a ser sentido a partir da semana que vem. Quem tinha consulta marcada nos próximos dez dias, segundo ele, foi avisado com antecedência e teve o serviço remarcado.

A orientação das entidades médicas é para que o profissional, durante esse período, caso conceda a consulta, deixe de cobrar ou cobre o valor de R$ 80 pelo serviço, instruindo o usuário a buscar ressarcimento no convênio.

“De jeito nenhum. Consegui me consultar hoje, mas tenho que retornar com os resultados do exame. Não acho justo ficar na dependência da operadora para receber ”, disparou a costureira Wilma Mateus Silva, apesar de concordar que os profissionais deveriam ser melhor remunerados.

Começo

A briga por quem pagará a conta está apenas começando. Os médicos alegam que, nos últimos 11 anos, a ANS autorizou as operadoras a reajustarem seus preços em 150%, contra a inflação de 120% acumulada no período. Os profissionais cooperados, por sua vez, tiveram reajuste, em média, de 50% nos honorários.  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por