Planos de expansão reequilibram investimentos na RMBH

30/07/2012 às 22:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:58
 (Amadeu Barbosa)

(Amadeu Barbosa)

Depois de um longo tempo esquecido, o Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte volta a atrair a atenção de empresários e investidores. Com a reestruturação das vias de acesso, a cada dia novos empreendimentos comerciais e residenciais são anunciados na região.

O atual plano de expansão é semelhante em termos de mudança de ambiência e modificação urbanística, a exemplo do que ocorreu com a construção do complexo arquitetônico da Pampulha, nos anos de 1940. Com isso, Belo Horizonte vive uma nova dinâmica na reorganização urbana. Somente as obras da Linha Verde e da Cidade Administrativa consumiram R$ 1,4 bilhão. Esse investimento impulsionou a valorização da região.

Preços dos Aluguéis

Para o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Evandro Negrão de Lima Junior, nos últimos anos houve uma mudança do eixo de crescimento da capital. "Belo Horizonte estava muito estrangulada no vetor sul e com a mudança do centro administrativo, acumulada com linha verde, outras obras viárias e revitalização da Lagoa da Pampulha, vimos que a região ganhou uma nova vida. Isso voltou a dar uma equilibrada na distribuição dos investimentos imobiliários", afirma.

Na região, boa parte dos bairros é classificada na Pesquisa de Mercado Imobiliário, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), como populares e médios. Nos últimos cinco anos, o valor dos imóveis deram um salto.

Em 2008, o preço médio de um apartamento de dois quartos, no bairro Serra Verde, era de R$ 67.584. Neste ano, o valor está R$ 197.029, uma valorização de 291%. No mesmo período, os apartamentos, também de dois quartos, em bairros da região Centro-Sul valorizaram 193%, um ritmo bem menor.

Os reajustes nos aluguéis também estão mais acelerados. De maio de 2008 ao mesmo mês deste ano, a alta chegou a 251,5%, na regional Pampulha, e 236,8%, na Noroeste.Já na regional Centro-Sul, o aumento ficou em 142,5%.

Aphaville Lagoa dos Ingleses

Um dos marcos no mercado imobiliário de alto luxo em Belo Horizonte foi a inauguração do condomínio Alphaville Lagoa dos Ingleses, em 2000, em Nova Lima. A partir disso, uma série de outros empreendimentos do tipo foi erguida na saída sul da cidade. Com um anúncio de mais um Alphaville, desta vez em Vespasiano, na região Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, aumentou as perspectivas de valorização da região. Assim, a região passa a ofertar empreendimentos dos mais variados padrões.

De olho neste crescimento e no ganho de renda da população residente, o grupo BR Malls investiu R$ 215 milhões na construção do Estação Shopping BH. Segundo o gerente de Marketing, Rafael Saito, diante do movimento apurado no primeiro mês, o período de maturação pode ser menor do que o planejado. "O centro de Belo Horizonte está saturado, com um shopping por 100 mil habitantes. Nesta região, somos um para 400 mil", diz.

A chegada do shopping também deve intensificar o desenvolvimento nos bairros próximos. Com o incremento do comércio, as pessoas estão preferindo fazer suas compras na região. Ronaldo de Lima mora há 12 anos em Venda Nova e diz que as mudanças são nítidas. "Nos últimos cinco anos, o número de lojas na região triplicou. Muita gente não está mais saindo daqui para comprar e muita gente de outras regiões está vindo para cá", relata.

A população da parte Norte da RMBH também vive a expectativa um grande boom industrial. O projeto do aeroporto indústria, em Confins, e de novas obras viárias são esperadas para viabilizar novos investimentos.

Pelo plano de expansão, a intenção é criar um pólo tecnológico na região, integrando indústrias, prestadores de serviços e universidades. Para o diretor-presidente do parque tecnológico BHTec, Ronaldo Pena, a integração entre os agente é que vai alimentar o desenvolvimento. "Hoje temos competência em pesquisa e desenvolvimento, sobretudo, nas áreas de biotecnologia, eletroeletrônica e automação industrial. Os produtos poderão ser desenvolvidos no parque e as indústrias poderão se instalar no vetor norte. O parque e as fábricas poderão gerar a demanda para o aeroporto indústria", explica Pena.

A atual estratégia de fomentar o uso de um aeroporto, construir uma importante via de acesso e levantar um imponente projeto de Oscar Niemeyer para desenvolver a vertente Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte é a mesma adotada pelo prefeito Juscelino Kubitschek, na década de 1940, para promover a urbanização da Pampulha.

Desde a sua inauguração, em 1987, desenvolvimento da capital se concentrou na região Centro-Sul. Para desenvolver outra parte do município, JK construiu a Avenida Antônio Carlos. Corredor para ligar o Centro de BH aos isolados aeroporto e barragem da Pampulha. Poucos anos depois, o complexo paisagístico, de Oscar Niemeyer, seria o responsável por atrair moradores e investidores.

Polos Econômicos

Agora, a história se repete tendo como base o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a Linha Verde e a Cidade Administrativa. A intenção também é a mesma, redistribuir a infraestrura da capital. Segundo a professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloisa Costa a urbanização da Pampulha teve dois processos. Na parte mais próxima ao centro, surgiram os condomínios habitacionais populares. Na região mais afastada, osloteamentos de sítios de recreio. Deste modo, as pessoas moravam, mas tinham que trabalhar em outras regiões.

Também contribuiu para que aqueles bairros ganhassem status de dormitório a implantação de indústrias na parte oeste da RMBH, compreendendo também os municípios de Betim e Contagem. A diferença do atual plano de expansão na parte norte é de que, agora, se pretende atrair indústrias do segmento de alta tecnologia. "Além da habitação, é preciso se criar espaços de lazer, trabalho e estudo. A criação de pólos regionais nas áreas de expansão tem impacto em toda a cidade", afirma Heloisa Costa.

Atualmente, o surgimento de lojas, condomínios de galpões, hotéis, faculdades, abrem nova perspectiva à região para os próximos anos. "Está se anunciando um novo ciclo de investimentos privados, mas na esperança que seja construído o rodoanel. De qualquer maneira, já há uma atração significativa de investimentos", afirma o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves.

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