Produção de aço do Rio está perto de ultrapassar a de Minas

Bruno Porto - Hoje em Dia
17/01/2015 às 07:19.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:41

Gradualmente Minas Gerais perde espaço na produção de aço do país e está na iminência de perder para o Rio de Janeiro o posto histórico de maior parque siderúrgico do Brasil. O olhar das usinas para o mercado externo assegurou ao litoral fluminense um ganho logístico sobre as terras mineiras, onde estão localizadas as maiores jazidas de minério de ferro e os estoques de carvão – as duas principais matérias-primas do aço. A possibilidade de ter a usina de aço perto de onde estão os insumos fez de Minas o gigante da siderurgia. Mas as estratégias mudaram.   O amadurecimento das relações e o aumento das sinergias entre companhias siderúrgicas brasileiras e seus clientes internacionais levaram as usinas a buscarem proximidade com as regiões portuárias, motivadas por reduções de custos e ganho de produtividade. A logística ferroviária favorável para levar o minério até o Rio de Janeiro, ou a construção de minerodutos para escoar a produção, reduziram os custos de transporte.    Em paralelo, companhias como Gerdau, CSN e ArcelorMittal traçaram estratégias de internacionalização de suas operações, e em alguns casos isso inclui a produção de produtos de menor valor agregado aqui para enobrecimento no exterior.   “Há uma soma de fatores que favorece o litoral na atração de siderúrgicas, mas sobretudo uma questão estratégica. Muitas usinas, hoje, são altamente competitivas com condições de concorrer no mercado externo. Aquelas que estão em Minas Gerais são plantas antigas, que só recentemente passaram por modernizações”, diz o presidente do Comitê de Política Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Lincoln Gonçalves Fernandes.   Infraestrutura   Fernandes lembra que mesmo as usinas voltadas para o mercado interno encontram no Rio um mercado consumidor mais atrativo do que o mineiro, com grandes obras de infraestrutura e a construção de estaleiros, que exigem grande volume de placas de aço. Enquanto isso, em Minas Gerais, não existem grandes obras em andamento e a atração de investimentos perdeu força.    A perda de atratividade do Estado foi apurada em levantamento da revista The Economist, onde Minas caiu da terceira para a sexta posição no ranking de competitividade dos Estados brasileiros. No estudo, Minas ainda ficou em 11º no item “ambiente econômico” e em 10º no quesito “infraestrutura”.   De 2010 a 2014 o Rio de Janeiro saltou de uma participação de 21,6% da produção total de aço bruto do país para 30,9%. Em direção oposta, Minas Gerais caiu de 35,4% para 32,7%. Parte da explicação para o estado fluminense ganhar 9,3 pontos percentuais e a representatividade mineira perder 3 pontos percentuais é a entrada em operação, em 2010, da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da alemã ThyssenKrupp, com capacidade de 5 milhões de toneladas ao ano. A usina está em Santa Cruz, nas proximidades do Porto de Sepetiba.   Enquanto por lá se inauguravam novas usinas, em Minas Gerais se enterravam planos de ganho de capacidade, como o da CSN em Congonhas. Prometida em 2007, a planta receberia R$ 6,2 bilhões em investimentos e teria uma capacidade instalada de 4,5 milhões de toneladas.   “Há uma discussão antiga sobre as vantagens competitivas de se estar no litoral ou próximo às minas de ferro, e essa conta não tem resultado exato. O conceito que prevalece é de que depende do produto. No caso de placas de aço, como é o caso da CSA, a vantagem é maior no litoral porque é um produto destinado à exportação”, diz o ex-presidente de companhias como Vale e Usiminas, Wilson Nélio Brumer. A CSA produziu 4,1 milhões de toneladas de aço em 2014. Caso tivesse operado no topo da capacidade, a produção do Rio teria superado a de Minas.

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