Ficou mais difícil para a economia brasileira reagir no curto prazo. O pessimismo aumentou por uma combinação de fatores negativos. A indústria e o varejo estão decepcionando ao longo do ano, os estoques aumentaram, a taxa básica de juros (Selic) subiu pela terceira vez seguida para combater a inflação e o brasileiro está menos confiante.
O Brasil também lida com duas incógnitas internacionais: como será o desempenho da economia chinesa - e, obviamente, o comportamento do preço das commodities - e uma definição mais clara do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) de quando os estímulos serão retirados, o que pode impactar a liquidez no mundo todo e, consequentemente, reduzir a entrada de dinheiro na economia brasileira.
A expectativa para o crescimento da economia brasileira para 2013 vem sendo revisada desde o início do ano. E, nos últimos dias, começaram a aparecer previsões para um Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 2% - em 2012, o Brasil cresceu apenas 0,9%, após a fraca expansão de 2,7% em 2011. "Já não estamos mais em um tsunami monetário, no qual o dinheiro entra no País apesar de tudo. Agora, é o contrário. É preciso se comportar muito bem para o dinheiro entrar", disse Tony Volpon, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Nomura Securities em Nova York.
A Nomura rebaixou a previsão do PIB deste ano de 2,5% para 1,6%. O BNP Paribas foi outro que diminuiu as apostas para um crescimento de 1,9%.
O fim do segundo trimestre já foi marcado por resultados ruins. O Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) - uma prévia do PIB - recuou 1,4% em maio ante abril. Foi o maior tombo mensal desde 2008, ano em que teve início a crise internacional. O resultado ruim foi influenciado sobretudo pelo desempenho da produção industrial, que caiu 2% na comparação com abril.
"A recuperação tem ficado aquém do que estava sendo esperado", afirmou Juan Jensen, economista e sócio da Tendências Consultoria. A estimativa da Tendências para o crescimento do PIB deste ano é de 2,5%, mas o número está sendo revisado para baixo. "A trajetória de recuperação no terceiro e quarto trimestres começa a ficar um pouco mais complicada."
Para Jensen, entre os motivos que desenham um horizonte mais difícil, estão a desvalorização do dólar, que traz um risco para a inflação, o impacto das manifestações com a queda no índice de confiança do consumidor e a diminuição na intenção de compras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.