O chamado “risco Pampulha” ronda a licitação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, agendada para o próximo dia 31 de outubro. A possibilidade de pousos e decolagens de voos nacionais com aeronaves de grande porte no terminal da Pampulha, interrompidos em 2006, tira o sono de investidores interessados em arrematar a administração de Confins.
O diretor de Finanças e Relações com investidores da administradora de concessões Ecorodovias, Marcello Guidotti, disse ontem, durante reunião da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais de Minas Gerais (Apimec-MG), que “precisa ficar claro o que vai acontecer com a Pampulha antes da licitação de Confins”.
A concessão de Confins prevê aporte de R$ 3,6 bilhões durante 30 anos de administração privada.
Consórcio
A Ecorodovias se juntou à Fraport, operadora de aeroportos alemã, e pretende disputar o leilão de Confins. Pelas regras, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) terá 49% de participação no negócio, independentemente de quem vencer o processo licitatório. A companhia disputou o leilão do aeroporto de Guarulhos, também em parceria com a Fraport, mas perdeu na fase final de lances.
Guidotti disse que a empresa aprendeu com o leilão de Guarulhos, destacou a experiência da Ecorodovias com o desembaraço aduaneiro, uma vez que Confins tem grande potencial como zona alfandegada, e comentou sobre a importância de o governo decidir de forma definitiva se vai ou não desativar o terminal da Pampulha ou o que será feito do empreendimento.
“Temos que saber se Pampulha vai continuar operando. Quando disputamos licitações em rodovias, fazemos estudos de tráfego e o mesmo vale para aeroportos. A operação de voos na Pampulha é uma informação importante dentro disso”, afirmou.
O subsecretário de investimentos estratégicos de Minas Gerais, Luiz Antônio Athayde, disse que o governo quer a Pampulha com o perfil de aeroporto regional e de aviação executiva, mas ponderou que não pode fazer projeções para o futuro e que a operação é responsabilidade da Infraero. “Desde 2008, é essa a nossa postura, e continua. A intenção com ampliações é para atender à demanda executiva, que pode tornar Minas mais atrativa às multinacionais”, disse.
A mestre em infraestrutura aeroportuária Kétnes de Guimarães Lopes entende que a decisão quanto ao futuro da Pampulha é determinante para definir a atratividade da licitação do terminal de Confins. “Tecnicamente, a distância do polo gerador de demanda é o que é determinante. Nesse caso, ambos são péssimos: um muito longe e outro muito perto. No entanto, a proximidade da Pampulha lhe garante uma tendência de preferência do usuário, o que pode tirar passageiros de Confins, se houver voos para os mesmos destinos”, afirmou.
Ela comentou, no entanto, que a decisão de participar ou não do leilão deverá ser tomada sem a certeza sobre o futuro da Pampulha. “É uma decisão política. Se muda o governo, as coisas mudam”, disse.
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