Embora a arrecadação da Receita tenha apresentado alta em termos reais em julho (0,89%), agosto (2,68%) e setembro (1,71%) de 2013, na comparação com os mesmos meses do ano passado, a evolução não é animadora, avaliou o economista da Rosenberg & Associados Rafael Bistafa. "Há reação na margem, mas a figura geral é de arrecadação crescendo pouco este ano."
A arrecadação de impostos e contribuições federais cobradas pela Receita Federal atingiu R$ 84,21 bilhões no mês passado, resultado recorde para meses de setembro. A Rosenberg estimava o montante em R$ 84 bilhões.
Bistafa pôs os números em perspectiva para justificar seu pessimismo. Ele afirmou que a arrecadação cresceu, em termos reais, 12,7% em 2010, 10,1% em 2011 e que, a partir de meados de 2012, passou a desacelerar fortemente, encerrando o ano passado com avanço de apenas 0,7%. "E não parou por aí. O pico de queda foi em abril em 2013, mês em que apresentou queda de 1,44% no acumulado em 12 meses."
Segundo ele, nos últimos meses houve leve melhora. "Mas no acumulado em 12 meses até setembro a arrecadação registra um crescimento real de apenas 0,5%, bastante tímido." O economista atribuiu essa timidez à atividade econômica fraca e ao programa de desonerações.
Em projeção feita no ano passado, a Rosenberg esperava que a arrecadação ficasse próxima de 0%. No entanto, Bistafa disse que pode haver revisão, com leve viés de alta, porque a estimativa não contava com a arrecadação dos Refis. A Receita espera uma arrecadação entre R$ 7 bilhões e R$ 12 bilhões com os Refis até o fim do ano.
Leilão de Libra
Bistafa afirmou ainda que os R$ 15 bilhões que a União vai receber do consórcio vencedor do leilão de Libra vão contribuir para as contas do governo. "Vai ajudar, mas, mesmo com esse montante, o governo não vai conseguir cumprir a meta", disse, citando o compromisso de superávit primário em 2013, de 2,3%. A Rosenberg projeta superávit de 1,9%.