luz na passarela

Setor da moda mineira começa a se reerguer após derrubada durante pandemia

Jader Xavier e Raíssa Oliveira
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 17/09/2022 às 14:48.

Coleções da temporada Primavera-Verão 23 das principais marcas mineiras são as atrações do “Barro Preto Fashion Day” (Maurício Vieira)

A pandemia foi um balde de água fria em muitos setores da economia. Com raríssimas exceções, os empresários viveram um tempo de escassez de vendas, levando muitos a fecharem as portas. No setor da moda a situação não foi diferente. Com lojas impedidas de funcionar por causa do isolamento social, a saída para muitos empreendedores foi recorrer ao comércio eletrônico. Mas nem todos se adaptaram.

Pesquisa Opinion Box aponta que entre março e junho de 2020 – fase em que a pandemia se instalava com força total – 63% das pessoas não compraram roupas ou acessórios, o que impactou diretamente na indústria da moda. 

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizada em junho daquele ano com 58 empresas do setor têxtil, constatou que 96% das empresas tiveram queda nas encomendas, sendo que 55% delas registraram redução superior a 50% no número de pedidos.

Dois anos após essa turbulência, o setor começa a se recuperar e aposta na volta dos eventos presenciais para turbinar as vendas de roupas, calçados e acessórios. Neste ano, Belo Horizonte já sediou o Minas Trend Preview, considerado o maior evento da indústria da moda de Minas Gerais.

A 27ª edição, realizada em abril no Expominas, foi mais acanhada, reflexo dos abalos sofridos com a pandemia. Com menos expositores que nas edições anteriores – foram 90 contra 187 em 2019 – e sem o mesmo luxo de antes, a palavra de ordem foi fortalecer a cadeia de negócios do setor. Esses eventos são considerados fundamentais para alavancar o desempenho das empresas.

Em novembro, Belo Horizonte será palco de mais uma edição do Minas Trend juntamente com o Congresso Internacional da Abit, nas dependências do Minas Centro.

Desfile a céu aberto
E neste fim de semana, comerciantes do Barro Preto, considerado um dos principais polos de moda do Estado, realizam o “Barro Preto Fashion Day”. A 13ª edição do evento acontece presencialmente nesta sexta e sábado no quarteirão da rua Mato Grosso, entre avenida Augusto de Lima e a rua dos Guajajaras.

Estão sendo apresentadas coleções da temporada Primavera-Verão 23 das principais marcas mineiras. A diretora da Top Agency BH, uma das organizadoras do desfile, Taciana Teodoro, comemora a retomada do evento que, segundo ela, é o único desfile de moda a céu aberto no país. “Nós trouxemos o desfile aqui para a rua Mato Grosso, que é onde estão concentrados os maiores lojistas de moda. O evento reúne lojistas para que consigamos vender mais”, diz. Taciana lembra ainda que o evento une moda e gastronomia e é voltado para o público adulto e infantil.

Otimismo
A loja de moda festa Roberta Reis participa do evento e com uma grande expectativa de movimentar as vendas. Sócio da esposa no empreendimento, Rogério Reis diz que esse é o ano do otimismo e que a expectativa é a de que a retomada aconteça mesmo em 2023.

“Este é o ano dos sobreviventes, em que recebemos aquele soro para dar uma força para a recuperação”, avalia. Segundo ele, a queda das vendas na pandemia chegou a 95% e, em 2022, conseguiu recuperar de 60% a 70% do movimento. 

O presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuário e Armarinhos de Belo Horizonte (Sincateva BH), Lúcio Emílio de Faria Júnior, diz que o evento tem o objetivo de “levantar a autoestima do comerciante do bairro e melhorar a performance”. “Nós temos todos os tipos de vestuário aqui. O pessoal está muito esperançoso. Todo mundo está convidado a participar. Vamos encerrar com Minas ao Luar com uma banda especial. Expectativa muito grande”, diz. A previsão é a de que 2 mil pessoas passem pelo Fashion Day. 

Além disso
A indústria da moda mineira é um dos segmentos industriais mais expressivos do Estado, com mais de 120 mil trabalhadores atuando em 8,7 mil empresas do setor, afirma Mariângela Marcon, presidente da Câmara da Indústria da Moda da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Segundo ela, representa 12% da atividade industrial do Estado e é o segundo setor que mais absorve mão de obra.

“A ligação do nosso Estado com a moda é muito forte. Desde o início dos anos 1900, quando a indústria têxtil ganhou força por aqui, a indústria da moda se confunde com a própria trajetória de desenvolvimento econômico, industrial e de identidade de Minas, um Estado reconhecido internacionalmente pela criatividade da sua gente e pela qualidade do que produz”, afirma.

A gestora ressalta que a pandemia teve um impacto muito grande no setor. “Tivemos estabelecimentos fechados e empregos perdidos. Mas somos resilientes e soubemos contornar os percalços destas situações adversas, como a intensificação no atendimento on-line, revisão da produção, estoque, etc. E já em 2021, com o retorno do Minas Trend, os negócios já começaram uma recuperação”, destaca. 

Do ano passado para cá, diz Mariângela, o saldo de empregos saiu de uma posição negativa para positivo. “Isto mostra uma recuperação do mercado. Além disso, no último ano, o Estado exportou mais do que importou, fechando com saldo positivo em mais de 60 milhões de dólares”.

E com o retorno dos eventos, como feiras, exposições, desfiles, a tendência é a de que o fôlego seja ainda maior. “As feiras são importantes ferramentas para o funcionamento do ciclo da moda. Além de anteciparem e confirmarem tendências, proporcionam momentos únicos para fazer networking e conhecer novos fornecedores”, explica a presidente da Câmara da Moda. 

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