A inflação fechada de outubro deve terminar o período com uma taxa mais elevada do que a apurada em setembro, quando atingiu 0,35%. De acordo com o economista Pedro Ramos, do Banco Sicredi, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o décimo mês do ano com alta de 0,59%, pressionado principalmente pelos grupos Alimentação, Artigos de Residência, Vestuário e, em menor medida, por Transportes.
Para Ramos, os preços dos alimentos ainda devem continuar sentindo os efeitos tardios da alta no atacado dos últimos meses, além de impactos atrasados da depreciação cambial. Quanto a Artigos de Residência, ele acredita que, além da volta da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos e móveis, o câmbio também pode continuar pressionando o grupo ao longo de outubro.
"As taxas de Artigos de Residência e de Vestuário devem ficar muito parecidas com as do IPCA-15, mas ainda elevadas. O grupo Transportes deve acelerar, com a expectativa de queda cada vez menos intensa nos preços da gasolina", avaliou, ressaltando que, se houver um reajuste nos preços dos combustíveis nos próximos meses, a estimativa do Sicredi para o IPCA fechado do ano ganharia um extra de cerca de 0,20 ponto porcentual, com a previsão passando de 5,80% para 6,00%.
Ramos lembra que historicamente os bens duráveis sofrem com as oscilações bruscas na taxa de câmbio, mas que nos últimos três anos a depreciação se intensificou e as consequências estão aparecendo. "O governo tentou compensar de alguma forma, como ao reduzir o IPI para eletrodomésticos. Isso segurou por muito tempo, mas agora os preços estão subindo", avaliou, ao referir-se à alta de 0,97% apurada pelo grupo Artigos de Residência no IPCA-15 de outubro.
O índice cheio, por sua vez, acelerou para 0,48% no mês, após elevação de 0,27%, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número ficou acima do esperado pelo Sicredi, que era alta de 0,39%. Já os grupos Vestuário e Transportes mencionados pelo economista tiveram variações de 0,88% e 0,08%, respectivamente, também no âmbito do IPCA-15.
Ramos não descarta a possibilidade de aumento próximo a 1,00% do grupo Alimentação nos próximos meses, puxado especialmente pela estimativa de novas altas em itens como leites, carnes e derivados do trigo que já estão subindo no varejo. "São pressões que virão em outubro e novembro. O varejo ainda não captou toda a alta do atacado", avaliou.
http://www.estadao.com.br